Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

"Calma e paciência que o nenê nasce fácil"



Foto e texto: Cláudia Rodrigues


Keretxu Miri, índia guarani de 77 anos de idade, que habita uma aldeia no Espírito Santo, fala de sua experiência como parteira
No universo civilizado, principalmente no ocidente, o parto virou um mito, tanto para as gestantes quanto para a classe médica. As mulheres estão desaprendendo a parir, a amamentar e cuidar dos filhos e os médicos estão cada vez mais preocupados em ganhar tempo e menos habilidosos para auxiliar um trabalho que é muito mais da parturiente do que deles. Atrás de toda a parafernália técnica da ciência e da medicina, está algo que podemos chamar de burrice emocional. Sabemos pilotar um computador, dirigir carros; podemos comprar berços que balançam sozinhos, chupetas coloridas que distraem os bebês, mas por que afinal temos tanta dificuldade em colocar filhos no mundo? Será que não podemos mesmo unir o saber tecnológico à sabedoria primitiva?
O depoimento de uma índia, que faz partos desde que se conhece por gente, resgata o labirinto em que nos perdemos: o do excesso de pressa e preocupação.
"O sangue não pode subir e a cabeça ficar quente. A mulher precisa ficar calma e esperar a hora que ela vem" 
Keretxu Miri não esquece a primeira vez que tomou conhecimento de como as crianças vêm ao mundo. Foi por volta de 1930, em algum lugar entre o Rio Grande do Sul e o Espírito Santo. Os índios Guarani fizeram, a pé, o trajeto entre os dois estados, em busca da terra prometida. Levaram muitos anos para chegar a Santa Cruz, no Espírito Santo, o local que hoje habitam. Durante o percurso não foram poucos os partos. "Lembro bem quando meu pai avisou que teríamos que parar porque minha mãe ia ganhar nenê", conta Keretxu.
Era noite alta, mas quem já estava dormindo acordou para ajudar. O pai de Keretxu fez um 'rancho de palha de pindó' - palmeira doce - em volta de uma árvore para proteger mãe e filho do frio. "Todos os índios foram cuidar da floresta para não deixar nada de ruim acontecer com a minha mãe e o nenê, que nasceu antes do sol raiar". A tribo ficou acampada três dias e depois seguiu em frente com a mãe de Keretxu carregando, à moda indígena, a pequena Euá.
Naqueles anos 30, a tribo andava por caminhos, estradas, mas também no meio da mata, perto das cachoeiras, procurando a terra prometida. Sempre havia algum português, italiano, alemão ou japonês que já era dono das terras. No meio do caminho chegaram a achar que a terra prometida era em Santos, São Paulo, onde viveram seis anos. "Era bonito lá em Santos, mas os brancos queriam briga de novo, como no Rio Grande, e então seguimos caminho", revela Keretxu Miri, que não entende, depois de 77 anos de vida, porque os brancos brigam tanto para tirar o ouro da terra. Ela fala que Inhanderu - Deus - é justo com todos. "Inhanderu ajudou o homem branco e ajudou o índio, e fez a Terra para que todos os viventes pudessem viver aqui, mas Inhanderu não gosta de briga; briga faz mal, faz adoecer, então índio vai embora, mas vai em paz, mesmo nas mãos de Juruá - os brancos".
Um galo cantou, uma criança chorou e Keretxu Miri ficou silenciosa por longos minutos, antes de voltarmos ao nosso assunto; os partos. O galo pulou de cima da mesa, a criança ganhou o colo da mãe e um raio de sol atingiu os olhos de Keretxu Miri. Ela me olhou e disse: "A moça quer saber de parto, mas parto não tem segredo, não posso mentir, mas também o que é sagrado é sagrado", disse com simplicidade.
Ela conta que sagrado é o getapaãurá, a tesoura de madeira que corta o cordão umbilical e também as ervas (chás calmantes e levemente anestésicos) que acalmam a mulher para o parto. Nada disso pode ser filmado ou fotografado, mas Keretxu conta alguns dos 'segredos'. Detalhe: ela sempre faz questão de, entre uma e outra informação, pontuar que só se aprende vendo, observando e pensando antes de fazer. "O pensamento é muito importante e olhar com os olhos. Não dá para contar, é simples, é bom, não é problema receber o nenê", revela com sinceridade, os olhos brilhando, a expressão sorridente e calma. Receber o nenê, como diz a velha parteira, é uma das maiores dificuldades no mundo civilizado, tanto em função do tempo, quanto por deficiência de escola, já que nossos médicos não estudam psicologia e entendem pouco de uma das coisas que parteiras como Keretxu mais entendem: o universo emocional, que é inexoravelmente primitivo. Índias ou brancas, amarelas ou negras; na hora do parto a mulher vira uma leoa, um bicho que dá conta de "se livrar da dor" expelindo o bebê. Caso contrário, é cirurgia na certa.
SEGREDOS - Apesar de afirmar convicta que o parto não tem segredo, Keretxu explica que o 'nervoso' da mãe e até do pai pode atrasar o momento final do parto, a hora da expulsão. "Quando a mãe fica nervosa, o sangue sobe para a cabeça e o nenê não vem". Mal sabe ela que esta afirmação contém mais ciência do que ela imagina. O Dr. Elsworth Baker, americano que trabalha com gestantes ocidentais há mais de vinte anos, revela no livro O Labirinto Humano, que "quando a parturiente enrijece o queixo, recolhe os ombros, segura os punhos e a respiração, isso a faz apertar o soalho pélvico, o fluxo sangüíneo fica preso na metade superior do corpo e isso dificulta a descida do bebê". Segundo o médico, a tensão e a ansiedade excessiva na mulher, que não se sente capaz de parir, podem elevar a níveis alarmantes os batimentos cardíacos do feto, o que acabará exigindo uma intervenção cirúrgica, a menos que mãe seja acalmada em suas preocupações e estimulada a se entregar para a situação que se apresenta, relaxando e recebendo as informações enviadas pelo seu próprio corpo.
Keretxu Miri, que não sabe contar com precisão quantos partos fez na vida, afirma pacientemente que existem poucas providências a ser tomadas quando inicia o trabalho de parto. "Quando a mulher percebe que está chegando a hora, só precisa falar com Nhanderu e continuar normal, trabalhar um pouco e esperar com paciência que o nenê vem". Keretxu fala também que se o pai ajuda em casa nesse dia, preparando a comida, limpando e arrumando, isso ajuda a mulher a ficar calma, mas se o pai está nervoso é mau sinal. "Quando o pai e a mãe estão em briga o espírito da criança quer fugir e ela pode enfraquecer e morrer dentro da barriga ou depois de nascida", revela com uma sabedoria que pode assustar os brancos mais desavisados.
A velha índia, anciã da tribo Tekoa Porã, fala com simplicidade, sem qualquer traço de orgulho, que nunca teve problemas com os partos que fez. "Sei de ouvir falar. Minha mãe contava que o principal do parto era acalmar a mãe para o nenê poder sair. Ela já tinha visto mãe morrer e criança também por causa do nervoso" conta, sem tentar esconder a resignação diante da vida e depois acrescenta: "Meus olhos nunca viram nenhuma mãe e nenhuma criança morrer de parto". Eu pergunto se é sorte, ela responde que não, que é Nhanderu que a ensina a acalmar as mulheres que precisam.
Depois explica que algumas índias têm medo e por isso vão ganhar seus bebês nos hospitais. "Acho que cada um faz a sua escolha, se a pessoa tem um medo que eu não consigo acalmar, não vou usar a força, deixo na vontade dela", conta, sublinhando que nenhuma das mães e das crianças que atendeu precisou ir para o hospital. "Existem mulheres que querem fazer coisa errada na hora do parto e isso pode atrapalhar para o nenê sair", afirma, explicando que as coisas erradas para o dia do parto são comer, falar demais, não sentir e não pensar. "Quando a mulher fica assim, ela não fala com Nhanderu, fica sem paz no coração e a cabeça esquenta" pontua. O Dr. Hélio Bergo, obstetra e homeopata, especialista em partos naturais, aconselha suas pacientes a ficarem com elas mesmas. "Durante o trabalho de parto é importante que a mulher preste atenção aos ritmos do corpo ao invés de fugir assustada para uma solução externa", afirma, endossando a sabedoria primitiva da parteira.
O DIA 'D' - No dia de um parto, Keretxu Miri fica com Nhanderu. "Eu rezo, peço para Nhanderu proteger aquela mãe e aquela criança e Nhanderu me ajuda", relata tranqüila. Pergunto se ela conhece manobras para partos complicados e ela diz que não há nada complicado, que é só observar. "Se a mulher está muito nervosa a gente faz um chá. O bom é o caaminí ou então o capíía - chás com propriedades calmantes - e é importante que ela não coma nada de açúcar e nada de sal. O chá do mato amarguinho e mais nada, recomenda. Para acalmar é preciso também conversar, aconselhar e é isso também que Keretxu Miri faz. “Eu vou lá e falo com calma, que é assim mesmo, que não dá para fugir e então a pessoa se acalma e o nenê vem", conta, sem o menor estrelismo.
Ela explica que, para facilitar o trabalho de parto, é bom ficar sentada ou agachada segurando alguma coisa bem firme no chão e que não adianta ficar fugindo, não querendo passar por aquilo. "Mas tem mulheres que preferem deitar na cama para ganhar os bebês. Não tem problema, a pessoa é que escolhe como se sente melhor" pondera, desmistificando a idéia de que toda a índia dá à luz agachada.
Depois que o bebê consegue girar e sair, é hora de amarrar o cordão com uma linha feita de algodão, fabricada na aldeia e depois é a vez de cortá-lo, com o getapaãurá, uma tesoura de madeira, também feita pela tribo. "Tudo tem que estar bem limpinho", ressalta.
Os primeiros meses, principalmente os três primeiros depois que a criança nasce, segundo Keretxu Miri, devem ser de muito cuidado e a mulher não deve comer carne de galinha, de boi e nem de peixe. "Só mais a canjiquinha cozida, bem leve e com bastante caldo até o umbiguinho cair, depois pode voltar a comer, mas sem exagero nos primeiros meses", aconselha para evitar cólicas ao bebê, mais uma vez evidenciando que o segredo das índias para conviver bem com a gravidez, com o parto e a criação dos filhos é calma, muita calma.
Aí está. Palavra de índia que já pariu muitos filhos e já ajudou a nascer outros tantos. Em tempos de pressa, providências e precauções, urge a necessidade da palavra de uma especialista, de uma doutora do pensamento que sente, do sentimento que pensa. 
Unindo saberes 
Não somos índias, não passamos boa parte do dia acocoradas na beira do rio lavando roupas, não plantamos mais e nossa vida é mesmo apressada e cheia de estresse. Estamos então condenadas a colocar nossos filhos no mundo somente através de intervenções cirúrgicas?
É claro que não. As japonesas modernas, as chinesas e as européias do norte também trabalham o dia inteiro, vivem sob estresse e mesmo assim conseguem parir a maioria dos filhotes sem maiores neuras. O que elas têm que nós brasileiras, campeãs mundiais de cesarianas, não temos?
Várias coisas. Em primeiro lugar, apoio da sociedade médica. No Brasil a exceção à regra é o parto normal e não a cirurgia, mas é sempre bom lembrar que o velho ditado que afirma que quando um não quer dois não fazem, é muito válido.
A mulher que deseja parto normal, na atual conjuntura social e cultural do país, necessita procurar um profissional que tenha feito mais partos naturais do que cirúrgicos. Não é exatamente como encontrar agulha no palheiro, mas é quase e neste caso não convém usar panos quentes. A maioria das clínicas privadas do país tem um índice muito alto de cirurgias e portanto é preciso checar esse detalhe. Tomadas essas duas providências - escolha do médico e de uma clínica ou hospital humanista- é hora de dar um mergulho profundo no corpo e aí temos chances iguais ou até maiores do que as índias e outros povos primitivos.
Não podemos plantar grama e muito menos lavar roupa na beira do rio todos os dias, mas contamos com profissionais especializados que podem ajudar a gestante na preparação para o parto. Técnicas e vivências corporais como tai chi chuan, ioga, natação, bioenergética, biodinâmica e muitas outras estão à disposição das futuras mamães que, apesar de civilizadas, desejam aprender como chegar ao ponto final de um corpo de gestante: o desencadeamento do parto.
Só para garantir, vale lembrar dos conselhos da velha índia: sentir, pensar, não comer, falar pouco e esperar com calma, muita calma para a cabeça não esquentar e o "nervoso" não atrapalhar.

Fonte: Buena Leche

quinta-feira, 8 de maio de 2014

MÃE (DESNECESSÁRIA)

Por Marcia Neder

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. 
Até agora. Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. 
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. 
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


"Dê a quem você Ama : 
- Asas para voar... 
- Raízes para voltar... 
- Motivos para ficar... "
 Dalai Lama

sábado, 26 de abril de 2014

Os desafiadores 2 anos de idade de seu filho... parte II


Então você faz uma retrospectiva e vê que tudo aquilo que você julga condenável em uma educação você fez de uma forma diferente!!!
Puuuts, EU FIZ... fiz denovo, repeti o tal "padrão", aaaaahhhhhh...
Aí você se sente horrível, ridícula, cruel, pede perdão... respira... e vê que você é só uma aprendiz... que também está dando seus primeiros passos e que não há erros e acertos e sim Construção e Desconstrução!
Preciso desconstruir ainda tanta coisa internamente!!!!

Depois do choque da MÃE CERCANTE...
(ver Os desafiadores 2 anos de idade de seu filho... parte I)


... passei a ler mais adiante e cheguei à um subtítulo:

Os Chiliques
"São reações típicas dessa etapa e representam a intolerância ao não, a intolerância à frustração que o Não provoca. É uma carga que precisa de descarga."

Ah não acredito, o universo me mandou uma mensagem assim, na lata!
Quando eu digo que as RESPOSTAS ESTÃO TODAS DENTRO... tá aí, está dentro de Casa!! rsrsrsrs.

Passei então a voltar às páginas e ver do que se tratava aquele capítulo do livro e pasmem: 

A CRIANÇA AOS DOIS ANOS - A primeira tentativa de dizer "eu"

"Um criança de dois anos é a investigação e a curiosidade a serviço do conhecimento. Busca, ensaio, erro, confirmação, refutação, hipóteses, teorias... Uma criança que brinca é um cientista que investiga. É algo sério".



(Sarah Emanuelle, minha filha. Solicitar autorização para reprodução de imagens)

"Quando conseguimos canalizar sua sede de conhecimento, estamos construindo os pilares que sustentarão e manterão vivo o "fogo sagrado": a inquietude da busca, a satisfação do encontro para, outra vez, tornar a buscar.
A criança de dois anos está se lançando na aventura de ser, e cada interação com ela representará uma oportunidade habilitadora (ou castradora) do conhecimento. Para respeitar sua sede de aventura vital, a mensagem deverá ser: "Deixe-o fazer para que seja". 

Imaginemos por um momento o que significaria cercear, anular, aniquilar, mutilar sua iniciativa. Seria equivalente a não alimentar, a negar-lhe nutrientes básicos para seu crescimento, seria como não deixar uma criança maior sair ou ler. Quando isso ocorre, quando caímos no perigo de não conseguir dirigir a sede de nosso pequeno investigador, é muito possível que acabemos fomentando o que chamamos de SÍNDROME DA CRIANÇA CERCADA".
(texto extraído do livro - Mãe e Filho - de Adriana Tettamanti)

A Síndrome da  Criança Cercada acontece entre os nove meses e dois anos de idade e gera alguns sintomas:
- Sono agitado, a criança acorda muitas vezes a noite;
- Sensação de sufocamento na criança, crises de falta de ar; 
- A criança fica chorona, irritadiça. Nunca está contente e exibe um estado de permanente demanda não satisfeita.
- Quando está no cadeirão se joga para trás em sinal de protesto;
- Não constrói uma brincadeira, caracterizando por atirar os brinquedos;
- Insiste (com mais frequência que o normal) em tentar algo que lhe foi negado.

Resumindo, é uma criança em estado de rebeldia contra a mãe cercante.


Os tais "chiliques", famosos "chiliques", surgem aí. Essa é uma criança em estado de defesa, resguardando um desejo que não cede à morte, que se rebela para viver.  Porém, cara colega de classe "há de se estar atenta", pois a mãe muitas vezes não percebe o que faz... também faz para se manter na zona de conforto... faz porque desta forma foi feito com ela... faz porque lhe assusta a diferenciação, esse caminho que leva seu filho(a) a dizer eu. Seu não é a primeira forma de dizer eu.

E diante desta situação assustadora sem saber o que fazer, ou sem tempo para atender as necessidades da criança, muitas mães acabam como "Castradora" e a criança se dá por vencida. A criança vencida é aquela que renuncia, suas forças se consumiram e sujeita-se ao cerco materno sem tentar mais derrubá-lo.
O ato de castrar comumente é agressivo, se não for físico será verbal e isto tem um efeito na construção da persona.

Quem se recorda de um gesto, fala ou olhar castrador de sua mãe???
Isso deixa marcas, fortes registros difíceis de apagar, que mais tarde acabamos por repetir na criação de nossos filhos e assim segue sendo.

Nós adultos somos um espelho onde a criança se olha: se seu chilique é tratado com recursos de negociadores, com plasticidade e com humor, ao ver nossa reação, saberá que o que está acontecendo com ela não é tão grave nem tão importante e sairá logo deste estado.


Imagens particulares e google


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Os desafiadores 2 anos de idade de seu filho... parte I

E de repente um dia...e tudo se transforma na sua vida!


Tornar-se mãe é uma das tarefas mais desafiadoras que recebi na vida... criei este blog assim que engravidei, com a intenção de partilhar sobre a gestação, parto, simbiose, relação mãe e filho... compartilhar os sentimentos, medos, expectativas, frustrações... tentar transcrever as maravilhas, surpresas, encantamentos, alegrias, realizações de acompanhar cada dia de desenvolvimento de seu bebê...
VOCÊ ACHA QUE DEU PARA FAZER ISSO???

No máximo que consegui até agora foi postar arquivos, textos, algumas informações de fontes de pesquisas (lá uma vez que outra) para movimentar a energia por aqui, rsrsrsrs. Mas beleza, estamos crescendo, isso é que importa!

Como diz a querida Claudia Rodrigues," o indivíduo nunca mais vai se desenvolver com tamanha rapidez como nos dois primeiros anos de sua vida".


Esta é minha pequena notável, Sarah Emanuelle, estamos com 1 ano e 7 meses (sim, ao nascer a Sarah, nasci também EU /MÃE), mas incrivelmente ela parece se desenvolver mais rápido que eu! As vezes sinto não acompanhar, ela voa enquanto eu estou correndo (de língua de fora ainda, hahaha).
Parece engraçado mas ás vezes é de chorar!!!! E é sobre isso que venho hoje escrever...

Lembro bem quando a Sarah começou a falar OI, tudo era Oi, acordava já dando Oi ... e sempre sorrindo! Oi para os bichinhos, para os brinquedos, para os vizinhos, para os desconhecidos, Oi para a lua, para tudo e para todos... lembro que eu pensava: Queria acordar sempre assim como a Sarah, sorrindo, brincando... ser esta simpatia que tira um sorriso até do "mais mau humorado" na calçada.



Mas de repente, num piscar de olhos, tudo se transforma...
As mudanças de fases nos primeiros anos são muito rápidas, quando você vê a criança já está num outro momento exigindo de você outro movimento. Haja energia e criatividade para acompanhar! ... Sem contar, paciência, atenção, observação, escuta sensível para compreender o que é que seu filho está tentando lhe dizer, quando ele ainda não desenvolveu integralmente a fala.

Então do Oi passamos para o NÃO... NÃO NÃO NÃO, tudo é NÃO.
E a simpatia constante dá lugar para o "ranso", os gritos, a choradeira, o "chilique"... aquelas situações de constrangimento em lojas, restaurantes, super mercado...
a criatura grita e chora como se estivesse num transe que ninguém consegue tirar ela.

CALMA, respira, chora... são os 2 anos chegando!!!


Minha pequena "professora"...


Tem dias que você chega a pensar que precisa de ajuda profissional! Você só não sabe se é para você ou para a criança. Você grita junto, chora, pensa em bater, recua (algumas batem mesmo, mas não é isso que a criança precisa e está pedindo. Vamos ver mais adiante)... então você reza, pergunta onde errou, o que deixou escapar... percebe que não há erros e acertos e sim uma relação sendo construída... e de que forma você pode colaborar na dança harmoniosa da criação???

De repente você se enxerga tão criança quanto seu filho, tão birrento quanto, tão gritona quanto ele(a), tão inquieta e agitada quanto ele(a)... tentando se comunicar e explicar aos outros o que sente, quando não sabe bem o que sente! 
O quê é esta confusão de emoções? Não sei falar disso, não sei colocar em palavras!! 
A criança inteligentemente expressa seu desconforto, não guarda, não reprime suas emoções... se está incomodada grita, chora, esperneia... se está feliz expressa, ri, abraça...

O tal "mundo dos adultos" não nos permite ser tão selvagem (aliás nada selvagem)... os olhares te reprimem e reprimem teu filho... se você desabafa (apenas faz um desabafo, porque também só quer ser ouvida) não escapa de um rótulo / julgamento / crítica ou sugestão... Todo mundo faria diferente do que você está fazendo, então quer dizer: Você não está sabendo fazer! É isto né?! Você se sente pior do que já estava!

Então a solução é o CONTROLE, se seu filho é um rebelde, Controle-o! Mas é apenas uma criança de 2 anos de idade (1 ano e 7 meses)... porque este estado de rebeldia??? 
Aí a pessoa aqui olha para os lados dentro de casa, desorientada, buscando entender o que se passa com sua linda criança (ou seja com ela própria) e um livro pulsa no armário chamando sua atenção algumas vezes no dia: Mãe e Filho - Segredos de uma relação (Adriana Tettamanti). Adquirido durante a gestação, leitura inacabada. 
Então eu puxo e abro aleatóriamente em uma página para ver que mensagem vem (ás vezes faço isso em tempos de crise, hehehe.) e eis que diz assim:

"Resumindo é uma criança em estado de rebeldia. Contra o quê? Contra a mãe cercante, contra os seus olhos controladores ou seus braços acossadores. Porque sua tentativa de conhecer provoca sempre medo nela. A mãe limita, cerca. Mesmo diante da possibilidade de um espaço aberto, ela o transformará em fechado." (Adriana Tettamanti)

O QUÊÊÊÊÊÊÊÊ??? Mãe cercante, EU???


(Ana Paula Andrade)

Veja também:
O desafiadores 2 anos de idade de seu filho... parte II

Como lidar com os “chiliques” da criança?

Por Carla Poppa





É muito comum que os pais se sintam inseguros sobre como devem agir diante dos gritos e choros mais intensos das crianças, os chamados “chiliques”. Alguns pais acreditam que devem ignorar esses comportamentos, enquanto outros receiam deixar a criança sozinha em um momento no qual ela parece ter perdido o controle das suas emoções. Essa dúvida sobre como agir nessas situações é compreensível, já que o comportamento da criança pode ser semelhante em situações que envolvem sentimentos e sensações diferentes. Por isso, na maioria das vezes, os pais só conseguem se sentir seguros em relação à atitude que estão adotando na medida em que puderem identificar e se sintonizarem com o sentimento que desencadeou esse comportamento na criança.

É importante, então, tentar discriminar qual o sentimento que está motivando o “chilique”. É possível que a criança esteja frustrada e o chilique, seja na verdade uma birra. É possível também que a criança esteja com raiva ou ainda cansada. Todas essas sensações e sentimentos podem ser expressos com comportamentos que apresentam algumas diferenças sutis, mas que, em geral, são muito parecidos (mau humor, choro, gritos…) porque a criança pequena ainda está aprendendo a verbalizar o que sente. No entanto, para que esse aprendizado possa acontecer, a criança precisa da ajuda dos cuidados que os pais lhe oferecem. E eles precisam ficar atentos, pois cada sensação ou sentimento que a criança experimenta “pede” um cuidado diferente.






O chilique pode ser birra ou a expressão da frustração da criança.


Em um contexto no qual a criança ouve um “não” e é impedida de fazer o que deseja, é possível que ela se sinta frustrada e o chilique seja uma expressão da sua frustração. Se os pais julgam que não é adequado comprar o brinquedo que a criança está pedindo e ela se joga no chão e começa a gritar no meio da loja, o cuidado que contribui para o seu crescimento é o limite. A criança só pode desenvolver a capacidade de tolerar a própria frustração a partir da capacidade dos seus pais de suportar a insatisfação que a criança experimenta nessas situações, o que eles demonstram quando conseguem impor e sustentar o limite. Nessas horas, vale tirar a criança de cena. Nesse exemplo, sair da loja de brinquedo para que tanto a criança perceba que não vai conseguir o que deseja agindo dessa forma, como também para que os pais possam se sentir mais tranquilos sem a pressão dos olhares das outras pessoas pode ser uma boa ideia. Para que essas cenas não se repitam com tanta frequência, quando a criança estiver calma, os pais precisam conversar e explicar o sentido do “não”. A capacidade que a criança tem de entender o motivo dos limites pode ajudá-la a lidar melhor e a suportar a frustração em uma situação futura.






O chilique pode ser um acesso de raiva.


O chilique também pode ser a expressão da raiva que a criança sentiu em alguma situação. É possível que a criança esteja brincando com os amigos e quando encontra com os pais começa a reclamar, a dar um “chilique”, negando-se a fazer o que os pais pedem, por exemplo, o que costuma desencadear uma briga. Essas situações podem revelar que a criança estava sentindo raiva de algo que aconteceu em um momento anterior, quando estava com os amigos. É comum os pais entrarem em sintonia com o que a criança está sentindo sem perceber e sem conseguir pensar sobre o que pode ter provocado essa irritação, já que essas atitudes, geralmente, são logo rotuladas como “malcriações”.

Quando isso acontece, os pais ficam impedidos de oferecer o cuidado que pode ajudar a criança nessas situações. Ou seja, não conseguem ajudar o filho a contar o que aconteceu, a “desabafar” para que ele possa aprender a falar sobre o(s) seu(s) sentimento(s), assumindo o controle das suas ações, em vez de de agir dominado pelo que sente.






O chilique pode ser uma demonstração do cansaço da criança.


Os chiliques também podem ser demonstrações do cansaço da criança. Essas situações podem ficar mais frequentes quando os finais de semana são tomados por atividades, privando a criança da oportunidade de descansar. Ou ainda, quando os passeios com a criança costumam se estender para atender aos diversos compromissos do dia a dia. Quando a criança passa do limite do seu corpo e fez coisas demais, é comum que ela fique mais agitada e precise da ajuda dos seus pais para se acalmar e conseguir descansar. No entanto, às vezes, durante a agitação, a criança acaba desobedecendo e fazendo coisas que não deve. Se os pais reagirem a essas atitudes de maneira agressiva, os choros e os gritos da criança podem tomar conta da situação e privar a criança do cuidado que ela precisa para reestabelecer o contato com o seu corpo e a sua sensação de cansaço.

Assim, se a criança começar a chorar, gritar, espernear, o primeiro passo (o mais importante) é fazer essa diferenciação e tentar identificar qual sensação ou sentimento está motivando o chilique. É dessa forma que os pais podem oferecer com maior segurança o cuidado que contribui para o crescimento dela.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Os sete segredos das crianças super felizes

Por Isabel Meireles


Nós estamos sempre focados em tudo o que é preciso fazer para nossas crianças se tornarem adultos bem sucedidos. Pensamos muito na trabalheira e no cansaço que dá criar um filho. Mas e a felicidade deles? Estamos também pensando no que faz nossos filhos felizes? Sim, porque a infância deveria ser, sobre todas as outras coisas, o momento de simplesmente ser feliz.

A lista abaixo enumera sete segredos - ao alcance de qualquer pai ou mãe - de crianças felizes. 

1. Crianças felizes fazem suas refeições em horários regulares. Parece bobo, não é? Mas tente lembrar de como você mesmo se sente quando tem fome. É assim que os pequenos se sentem quando pulam um lanche ou têm que esperar horas pelos convidados daquele super jantar na sua casa. Ninguém gosta de sentir fome. E comer em intervalos regulares não só reabastece os corpinhos e os cérebros infantis mas mantém a fome sob controle. Afinal, é bem difícil se sentir alegre e tranquilo com a barriga roncando!

2. Crianças felizes dormem bem. Ok, é bem fácil falar... sabemos que existem crianças mais e menos dorminhocas, mas isso não é desculpa para não criar hábitos de sono consistentes. As crianças precisam aprender a dormir e é nosso - às vezes árduo - trabalho ensiná-las. Criança cansada fica irritada e manhosa. Já uma criança com a noite bem dormida está pronta para ver o dia nascer feliz. Faça do sono e dos horários fixos de dormir prioridades absolutas.

3. Elas brincam livremente. Nada de ficar dando instruções na hora da brincadeira, nem de sobrecarregar os pequenos de atividades. Hoje em dia as crianças estão muito ocupadas com cursos e obrigações. Passam o dia inteiro recebendo instruções: escola, natação, música, inglês. Não há tempo para brincar e deixar a imaginação correr solta. Até os próprios brinquedos contém instruções! É bom que as crianças tenham tempo para brincar, só brincar. E que junto com aqueles brinquedos "hi-tech" existam outros que dependam exclusivamente da imaginação deles, como por exemplo, os carrinhos e bloquinhos de madeira.

4. Crianças felizes expressam suas emoções livremente. Elas choram quando estão tristes, gritam quando têm raiva e, às vezes, precisam andar em círculos porque nem sabem direito o que estão sentindo. Deixe elas se expressarem do jeito delas, mesmo que o "show" seja público. Enquanto nós adultos já sabemos mais ou menos o que fazer com determinadas emoções (ligar para um amigo e desabafar, por exemplo), as crianças ainda são mais primitivas neste quesito. Tentar calá-los ou reprimi-los, envergonhando-os pelo comportamento, não ajuda. Deixem que elas liberem as emoções do jeito que bem entendem e então ofereçam ajuda. Sem dúvida nenhuma esses momentos chilique são desafiantes para os pais. Mas muito pior é ver seu filho passar a vida inteira internalizando emoções negativas. Recalcar as lágrimas ou a raiva pode ser a causa de uma baita depressão mais tarde.

5. Elas podem fazer escolhas. Nossos pequenos têm muito pouco controle sobre a própria vida. Eles passam o dia inteiro escutando o que comer, para onde ir, o que fazer. Deixe algumas decisões a cargo deles. Poder escolher ocasionalmente o que vestir ou jantar é, com certeza, razão para sorrisos.

6. Elas sentem que estão sendo escutadas. Escute seus filhos para valer, não faça apenas de conta! Até porque até os mais pequeninhos percebem se você está de verdade prestando atenção ou se você ligou o piloto automático. A criança precisa saber que você se importa verdadeiramente com ela, que seu interesse é real. Isso vai ajudar vocês a criarem um relacionamento honesto e legal para toda a vida.

Gostou das dicas? Mas o mais importante ainda está vindo aqui:

7. Crianças felizes são amadas incondicionalmente. Criança apronta mesmo: você pede para não pular no sofá e ela pula. Aí ela se machuca e chora. E por mais que essa lógica seja meio incompreensível para nossa cabeça de adulto, infância é isso: um eterno jogo de tentativa e erro. Nossos filhos precisam experimentar e ver o que acontece. E nós temos que perdoá-los e amá-los mesmo quando os "experimentos" não dão certo. As crianças têm mais coragem de se arriscar quando sabem que seus pais vão amá-los e apoiá-los de qualquer jeito. Só assim podemos ajudá-los a se tornarem pessoas confiantes e com discernimento para tomar suas próprias decisões.

Seus filhos são felizes quando eles sabem que você sempre vai estar lá: "na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza".


Esse texto é uma adaptação do artigo e da entrevista "7 Secrets of Highly Happy Children" da terapeuta infantil Katie Hurley no site The Third Metric. Aqui o link para o artigo original e para a entrevista.

A ciência por trás do chilique



A cena parece ter saído de um filme de terror: por alguma razão inexplicável ou banal, seu filho de dois anos que há 5 minutos era a criança mais fofa do mundo, se transforma numa pessoinha raivosa e inconsolável. Ele se atira no chão e atira coisas em você. Ele chora compulsivamente, como se estivesse diante de uma tragédia enorme. Como se o mundo fosse acabar. Como se ele fosse acabar. 


A última vez que minha filha sofreu a metamorfose "de fofa para louca" foi agora há pouco. O que desencadeou o ataque histérico foi simplesmente eu ter negado o segundo saquinho de balas que ela ganhou numa festa. Quando ela percebeu que a ingestão compulsiva de balas lhe estava sendo negada, ela se jogou no chão e começou a se estapear - ?! Pausa aqui para minha absoluta cara de perplexidade. 


Crianças entre 1,5 e 3 anos de idade têm rompantes de raiva e frustração profunda com freqüência. A boa notícia é que eles não fazem isso porque são mal educados ou porque tem uma falha na personalidade. Os chiliques são normais e existem explicações científicas para eles.


A revista Slate entrevistou 5 especialistas em psicologia infantil para buscar explicações para os famosos chiliques. Depois de ler o que eles disseram você começará a achar o comportamento da sua ferinha absolutamente razoável. 

Confira:

Crianças com entre 1 e 3 anos de idade acabaram de aprender a andar e desenvolvem a cada dia novas habilidades psíquicas e motoras. Eles estão loucos para explorar o mundo fazendo uso do know-how recém adquirido. Ao mesmo tempo, os pequenos exploradores estão morrendo de medo do que podem encontrar por aí e estão sempre apavorados com a possibilidade de que seus pais os deixem sozinhos nesta aventura. E são justamente essas pessoas tão amadas, que deveriam lhes ajudar, que estão o tempo todo lhes negando o prazer da descoberta. Não entre aqui. Não mexa aqui. Não toque na faca. Não enfie a mão dentro da privada. Não despeje o saleiro no tapete. "Eles não entendem suas razões. Eles só sabem que alguma coisa com a qual eles estavam se divertindo muito lhes foi repentinamente tomada, pelas pessoas que eles mais amam" explica Alice Lieberman, autora do livro "The Emotional Life of the Toddler". As crianças se sentem traídas. A dor delas é comparável ao que nós sentiríamos se fossemos traídos por nossos maridos ou esposas.


A incapacidade de se expressar perfeitamente também motiva os ataques de raiva. Enquanto nós adultos conseguimos indentificar e categorizar nossas emoções devido a nossa capacidade de se comunicar perfeitamente, crianças entre 1,5 e 3 anos ainda estão desenvolvendo a fala. Pesquisas científicas argumentam que a comunicação oral influencia muito a capacidade do ser humano de processar emoções negativas. Além disso, nós somos capazes de eventualmente negociar com pessoas que estejam agindo contra nossa vontade, enquanto crianças que não se comunicam perfeitamente não possuem esta alternativa. Sob esse ponto de vista pode parecer comprensível, que ao ser interrompido bruscamente de algo que lhe estava proporcionando prazer, a criança que não tem ainda a capacidade de argumentar à seu favor tenha um ataque de raiva e tente se defender com violência. Quem aqui ainda não foi alvo de algum objeto voador? 


Outro fato científico sobre crianças nesta idade: o lobo frontal ainda não está totalmente desenvolvido. Dessa forma, funções atribuídas a esta parte do cérebro como planejamento, raciocínio lógico, memória operacional e auto-controle, ainda não estão totalmente operantes no seu monstrinho. Com o lobo frontal funcionando parcialmente, crianças desta idade vivem absolutamente no aqui e agora. Não existe uma vozinha na cabeça deles dizendo "humm.. talvez seja melhor eu não jogar meu ursinho favorito na privada já que na semana passada ele ficou todo molhado". Alice Lieberman explica que é também por essa razão que as crianças têm dificuldade em ser pacientes e confundem querer com precisar. 
A psicologa Claire Koop, co-autora do livro Socioemotional Development in the Toddler Years, aponta a importância das experiências acumuladas durante a vida na hora em que temos que enfrentar desafios: "Crianças tão novinhas simplesmente não possuem uma bagagem vasta de experiências para empregar nos momentos de dificuldade."
Harvey Karp, pediatra e autor dos livros The Happiest Baby on the Block e The Happiest Toddler on the Block compara crianças entre 1,5 e 3 anos à pequenos homens da caverna. Sem nenhuma intenção de ofender nossos filhos, ele acredita que a comparação ajuda os pais a entenderem os filhos. "São necessários anos para socializar crianças. Os pais devem dar uma colher de chá para os filhos". Karp usa a analogia do homem das cavernas para apontar outro problema envolvendo os pequenos: eles são muito pouco estimulados. "Imagina como viviam os verdadeiros pequenos homens da caverna no passado? Um ambiente cheio de sensações: cheiros, ar puro, sombras, pássaros, grama sob os pés... Nós deixamos nossos filhos a maior parte do tempo entre 4 paredes e acreditamos que isso é normal." E completa: "É difícil passar um dia inteiro com uma criança de dois anos, mas eles também não querem passar o dia inteiro com você."


E agora que está tudo explicado, a pergunta de um milhão de dólares: o que fazer na hora dos ataques? Conforme os especialistas acima explicaram, quando seu filho está tendo um ataque daqueles, ele está passando por um turbilhão de emoções com as quais ele não sabe lidar. Não se afaste dele. Ofereça conforto na medida do possível. Mas não ceda às suas vontades só porque ele esta chorando. Do contrário, ele vai aprender que pode conseguir muita coisa chorando e esperneando. E aí a coisa fica mesmo preta.

Fonte: Tudo sobre minha mãe