Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Oficinas com Claudia Rodrigues em Florianópolis/SC


O puerpério - por Laura Gutman

Vamos considerar o puerpério como o período que transita entre o nascimento do bebê e os seus dois primeiros anos de vida, ainda que emocionalmente haja um progresso evidente entre o caos dos primeiros dias –em meio a um pranto desesperado- e a capacidade de sair ao mundo com um bebê nas costas.
Para tentarmos submergir nas difíceis trilhas energéticas, emocionais e psicológicas do puerpério, creio ser necessário reconsiderar a duração real deste período. Refiro-me ao fato de que os famosos 40 dias estipulados – já não sabemos por quem, nem para quem – têm a ver somente com o histórico veto moral para salvar a parturiente da procura sexual do homem. Mas esse tempo cronológico não significa psicologicamente um começo, nem um final de nada.
Minha intenção – pela falta de um pensamento genuíno sobre o “si mesmo feminino” na situação de parto, lactação, criação e maternagem em geral – é desenvolver uma reflexão sobre o puerpério, baseando-nos em situações que às vezes não são nem tanto físicas, nem tão visíveis, nem tão concretas, mas não são menos reais por isso. Vamos falar, em definitivo, do invisível, do submundo feminino, do oculto. Do que está mais além do nosso controle, mais além da razão para a mente lógica. Tentaremos nos aproximar da essência do lugar onde não há fronteiras, de onde começa o terreno do místico, do mistério, da inspiração e da superação do ego. Para falar do puerpério, teremos que inventar palavras, ou outorgá-las um significado transcendental.
Para nós, que já o transitamos faz muito tempo, nos dá preguiça voltar a recordar esse lugar tão desprestigiado, com reminiscências de tristeza, sufoco e desencanto. Recordar o puerpério equivale, frequentemente, a reorganizar as imagens de um período confuso e sofrido, que engloba as fantasias, o parto tal como foi, e não como havia querido que fosse, dores e solidões, angústias e desesperanças, o fim da inocência e o inicio de algo que dói trazer outra vez à nossa consciência.
Para começar a armar o quebra-cabeça do puerpério é indispensável ter em conta que o ponto de partida é o parto, quer dizer, a primeira grande desestruturação emocional. Como descrevi no livro “Maternidade e o Encontro com a própria Sombra: para que se produza o parto, necessitamos que o corpo físico da mãe se abra para deixar passar o corpo do bebê, permitindo uma certa “ruptura”. Essa ruptura corporal também se realiza em um plano mais sutil, que corresponde à nossa estrutura emocional. Há um “algo” que se quebra, que se “desestrutura” para permitir a passagem de “ser um, para ser dois”.
vulcãoÉ uma pena que atravessemos a maioria dos partos com muito pouca consciência a respeito desta “ruptura física e emocional”. Já que o parto é sobretudo um corte, uma quebra, uma brecha, uma abertura forçada, igual à erupção do vulcão (o parto), que geme desde as entranhas e que ao lançar suas partes profundas para fora destrói a aparente solidez, criando uma estrutura renovada.
Depois da “erupção do vulcão”, nós mulheres nos encontramos com o tesouro escondido (um filho nos braços) e, além disso, com insólitas pedras que se desprendem como bolas de fogo (nossos “pedacinhos emocionais”, ou nossas partes mais desconhecidas), rodando em direção ao infinito, ardendo em fogo e temendo destruir o que tocamos. Os “pedacinhos emocionais” vão queimando o que encontram em seu caminho. Olhamos atordoadas, sem poder crer na potência de tudo o que vibra em nosso interior. Incendiando e caindo no precipício, costumam manifestar-se no corpo do bebê (que é como uma planície de pasto úmido, aberta e receptora). São nossas emoções ocultas que desdobram suas asas no corpo do bebê saudável e disponível.
Como um verdadeiro vulcão, nosso fogo roda por todos os vales receptores. É a sombra, expulsa do corpo.
Atravessar um parto é preparar-se para a erupção do vulcão interno, e essa experiência é tão avassaladora que requer muita preparação emocional, apoio, acompanhamento, amor, compreensão e coragem por parte da mulher e que de quem pretende assisti-la.
Todavia, poucas vezes nós mulheres encontramos o acompanhamento necessário para introduzir-nos logo nessa ferida sangrenta, aproveitando esse momento como ponto de partida para conhecer nossa renovada estrutura emocional (em geral, bastante maltratada, por certo) e decidir o que faremos com ela.
O fato é que – com consciência ou sem ela, acordadas ou dormindo, bem acompanhadas ou sós, incineradas ou a salvo – o nascimento se produz.
Lamentavelmente, hoje em dia, consideramos o parto e o pós-parto como uma situação puramente corporal e de domínio médico. Submetemo-nos a uma situação em que, com certa manipulação, anestesia – para que a parturiente não seja um obstáculo, drogas que permitem decidir quando e como programar a operação e uma equipe de profissionais que trabalham coordenados, possam tirar o bebê corporalmente são e felicitar-se pelo triunfo da ciência. Estas modalidades estão tão arraigadas em nossas sociedades que nós mulheres nem sequer nos questionamos se fomos atrizes de nossos partos ou meras espectadoras. Se foi um ato íntimo, vivido desde a mais profunda animalidade, ou se cumprimos com o que se esperava de nós. Se foi possível transpirar ao calor de nossas chamas ou se fomos retiradas da cena pessoal antes do tempo.
Na medida em que atravessarmos situações essenciais de ruptura espiritual sem consciência, anestesiadas, adormecidas, infantilizadas e assustadas…ficaremos sem ferramentas emocionais para rearmar nossos pedacinhos de chamas, permitindo que o parto seja uma verdadeira transição de alma. Frequentemente é assim que iniciamos o puerpério: afastadas de nós mesmas.
Anteriormente descrevíamos a metáfora do vulcão em chamas, abrindo e rachando seu corpo, deixando a descoberto a lava e as pedras. Analogamente, do ventre materno urge o bebê real, e também o interior desconhecido dessa mamãe, que aproveita o rompimento para correr pelas fendas que ficaram abertas. Esses aspectos ocultos encontram uma oportunidade para sair do refúgio. A sombra (quer dizer, qualquer aspecto vital que cada mulher não reconhece como próprio, a causa da dor, o desconhecimento ou o temor) utiliza a ruptura para sair de seu esconderijo e apresentar-se triunfante na superfície.
O problema para a mamãe recente é que se encontra simultaneamente com o bebê real,  que chora, demanda, mama, se queixa e não dorme…e ao mesmo tempo com sua própria sombra (desconhecida por definição) , inabacárvel e indefinível. Porém, concretamente, com que aspectos de sua sombra se encontra? Cada ser humano tem sua personalíssima historia e obstáculos a recorrer, portanto, só um trabalho profundo de introspecção, busca pessoal, encontro com suas dores antigas e coragem poderá guiar-nos até o interior dessa mulher que sofre através da criança que chora.
O puerpério é uma abertura de alma. Um abismo, uma iniciação – se estivermos dispostas a submergir nas águas de nosso eu desconhecido.
Texto original de Laura Gutman: El Puerperio
Tradução livre de Flavia Penido. Revisão por Amano Bela.
*Fonte: Portal Maternidade Consciente

COLÍRIO DE NITRATO DE PRATA NO OLHO DO BEBÊ DOS OUTROS É REFRESCO

Ser mãe hoje em dia não é nada fácil, tudo culpa da internet. Tudo culpa da internet! Culpa da internet? Explico: desde que a informação se tornou acessível a qualquer mortal q esteja conectado a rede; desde que artigos científicos estão ao alcance dos dedos, dos olhos e perto do coração; desde que as mulheres usam aventais com orgulho, salto alto com estilo e o cérebro com muita eficácia diante do PC, q nós arrumamos sarna, muito mais sarna pra se coçar. É isso mesmo, até alguns anos atrás a mãezinha ia lá parir seu filho e o pediatra de plantão dizia: “Fofinha, vamos levar o bb para examiná-lo e daqui a algumas eras a gente te entrega ele limpinho e com cheiro de lavanda Jonhson no quarto, ok?”  Minto, os médicos não costumavam e nem costumam nos dar satisfação. Então a mãezinha acabava de parir, ouvia o choro do bb e “era uma vez um bb…”, pois rapidamente a criança tem q ser aspirada, medida, pesada, lavada, observada e têm que pingar o maldito colírio de nitrato de prata.  Procedimentos urgentes, afinal a criança pode crescer, engordar, sufocar, cheirar mal e ficar cega em questão de minutos, não é mesmo?
Mas hj vamos falar apenas do colírio de nitrato de prata.
O colírio de nitrato de prata é pingado nos olhos dos recém-nascidos na primeira hora de vida para evitar dois tipos graves de conjutivite, a conjutivite causada pela bactéria Neisseria gonorrheae e a conjutivite causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Tais bactérias podem infectar um bebê que tenha nascido de parto normal SE a mãe tiver gonorreia ou clamídia. Se a mãe não for portadora das bactérias mencionadas ou se a criança nascer de cesareana, logicamente não se põe o tal colírio nos olhinhos dos bebês, certo? ERRADO! Por incrível que pareça a administração do nitrato de prata em recém-nascidos faz parte do rol de procedimentos chamados “de rotina” na maioria dos hospitais brasileiros. Ou seja: nasceu-pingou! “Mas eu não tenho gonorreia…” PINGOU. “Mas ele nasceu de cesárea…” PINGOU. “Mas ele nasceu com uma deformidade, não tem os olhinhos…” PINGOU!
Segundo NETTO  e GOEDERT  “a Chlamydia trachomatis tem sido o agente infeccioso mais freqüente do que a Neisseria gonorrhoeae em muitas partes do mundo, o que torna a profilaxia de Credé [pingar o nitrato de prata] uma questão controversa devido à ineficácia do nitrato de prata contra a Chlamydia trachomatis.”. (FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72802009000500003&script=sci_arttext) Em suma, há controvérsias a respeito da eficácia do colírio quando a mãe está infectada por clamídia.
Talvez vc esteja se perguntando aí como saber se vc é portadoras dessas bactérias. É muito simples, basta solicitar ao seu GO q lhe faça um exame chamado SWAB. Nesse exame o médico coleta material da vagina e ânus da mulher com um super cotonete e manda para o laboratório. SE der positivo  e SE vc tiver um parto normal, o seu bebê terá que amargar as gotinhas malditas. SE der negativo, vc TEM Q DEFENDER SUA CRIA! SE vc for submetida a uma cesareana, vc TEM QUE DEFENDER SUA CRIA!
Certamente vc está pensando que mal tem num coliriozinho de nada… “Não deve ser grave se afinal é um procedimento de praxe”. Ou então vc é do tipo romântica e pensa “Os médicos estudaram e sabem o que é melhor para os nossos bebês…” É bom saber então que o nitrato de prata pode causar conjutivite química, ou seja, é um colírio para evitar conjuntivite que pode provocar conjuntivite! Além disso, em concentrações maiores, costuma ser usado para queimar verrugas. Vc imagina que delícia q deve ser duas gotinhas inocentes nos olhinhos do seu bb?
Agora que vc já sabe para que serve o colírio de nitrato de prata, peça a seu GO que lhe faça um SWAB e se der negativo procure se informar imediatamente sobre como burlar esse procedimento.  A escolha de um bom pediatra para lhe acompanhar na sala de parto pode resolver a questão muito simplesmente.  Quando o Joãozinho nasceu eu já havia conversado com a pediatra anteriormente e ela me garantiu q não pingariam colírio nele.
Dicas:
- Um acompanhante bem informado é muito útil, recém-parida mulher não está em condições de lutar por seus ideais, principalmente se tiver acabado de sair de uma cesareana.
- Se vc vai parir num hospital público ou se maternidade não permite a escolha de um pediatra para o momento do parto, o pai pode escrever um termo de responsabilidade para que não pinguem o colírio, se for o caso.
- Procure informação, antes do parto, sobre quais os procedimentos “de rotina” o hospital escolhido adota e compare com outros.
De que adianta um quartinho decorado com amor e carinho para um bebê que tem os olhos remelentos que não se podem abrir? O colírio de nitrato de prata deve ser administrado em partos normais se a mãe tiver gonorreia ou clamídia. Faça um exame e faça o melhor para o seu filho!
Em tempo: “ A infecção ocular é usualmente adquirida durante a passagem do feto através do canal de parto, sendo incomum afetar recém-nascidos por via cesariana.5” (Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72802009000500003&script=sci_arttext)
*Fonte: Bem Criar