Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Dermatite seborreica

A dermatite seborreica é uma doença crônica muito comum que consiste principalmente na descamação do couro cabeludo (caspa), e que tende a reaparecer com frequência. Ela inicia durante os primeiros 3 meses de vida, retornando depois a partir da puberdade e com ápice aos 40 e 60 anos de idade. 

Nos anos 50 o foco das pesquisas foi investigar a associação da dermatite seborreica com a deficiência vitamínica, no entanto até hoje não há comprovação da sua relação com a carência nutricional. Atualmente trabalhos tem apontado para a importância da Malassezia sp, que é um fungo presente na flora normal do homem, como causa da dermatite seborreica em pacientes suscetiveis, já que comprovadamente a doença melhora quando tratamos com antifungicos. Alguns estudos também sugerem relação com hormônio sexual devido ao aparecimento da doença ocorrer ao nascimento e depois da puberdade, além de os homens serem os mais afetados. O clima frio também tem influência causando uma maior descamação do couro cabeludo, devido à maior velocidade de crescimento e maturação celular. Além disto, nesta época costumamos tomar banhos muito quentes, que contribuem para agravar a doença.

A dermatite seborreica ocorre principalmente no couro cabeludo e se manifesta com intensa produção de oleosidade, descamação e coceira. Pode ocorrer em outros locais como na face (sobrancelhas, barba, pálpebra e no canto do nariz), atrás e dentro da orelha, no peito e nas costas, nestes locais ela se manifesta com lesões avermelhadas e com descamação gordurosa. A dermatite seborreica não é contagiosa. Devemos ficar atentos pois nem toda a descamação no couro cabeludo é dermatite seborreica, pode ser outras doenças como psoríase, alergia, micose, por isso é importante ir ao dermatologista antes de tratar.

Por ser uma doença crônica, inflamatória, devido à provável presença de um fungo, o seu tratamento consiste no controle da inflamação, oleosidade e proliferação do microorganismo (Malassezia sp). Atualmente temos muitas opções de tratamento, como remédio oral, sabonetes, pomadas, xampus e mousse, que devem sempre ser utilizados para controlar e evitar o retorno da dermatite seborreica, já que ela não tem cura e piora em épocas do ano como no inverno ou por fator emocional.

Benefícios do óleo de copaíba

Indicações: nas infecções e inflamações em geral; anti-séptico e cicatrizante, podendo ser empregado em feridas, eczemas, psoríase, urticária, furúnculos, nas seborreias e irritações do couro cabeludo; doenças das vias respiratórias, como tosse, gripe, resfriados, bronquite e inflamação da garganta; disenteria; depurativo do sangue; incontinência urinárina; corrimento vaginal.

Encontrada na floresta Amazônica e em outras regiões do Brasil, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Pará, São Paulo, Paraná e nas partes mais úmidas do Nordeste, a copaíba (Copaifera sp) ou Copaibeira, pertencente à família da Leguminosae-Caesalpinioideae (leguminosas-cesalpináceas), é uma árvore muito frondosa, com folhagem densa, de grande porte e de madeira avermelhada, também encontrada na África tropical, Antilhas, Colômbia, Guianas, México e Venezuela.

Quando adulta, a copaíba pode atingir de 10 a 40 metros de altura. Suas sementes são propagadas na floresta por diversos pássaros e animais que as utilizam como alimento. Na mata, é facilmente encontrada devido ao forte aroma que se desprende de sua casca. 

Embora existam várias espécies do gênero copaíba, usadas para a extração do óleo, todas apresentam a mesma indicação medicinal. As espécies mais conhecidas são: Copaifera langsdorffii (região amazônica), Copaifera reticulata (região amazônica), Copaifera officinalis (a mais estudada, encontrada no México, Antilhas, África tropical e no Brasil), Copaifera guianensis (Paraná), Copaifera oblongifolia, Copaifera nítida (em Cuiabá e Minas Gerais), Copaifera coriacea (São Paulo) e Copaifera luetzelburgia.


Extraído por meio de uma incisão no tronco, o bálsamo da copaíba, popularmente conhecido como óleo, já era bastante conhecido e utilizado medicinalmente pelos índios brasileiros, quando os portugueses aqui chegaram; depois, foi também utilizado pelos jesuítas. O bálsamo é uma secreção vegetal complexa, com odor aromático característico, rica em diversos princípios ativos e produzida por várias espécies vegetais. Durante sua formação, o bálsamo é acumulado em cavidades do tronco e, através de furos, é extraído artesanalmente, apenas uma vez ao ano, com auxílio de tubos ou canaletas. Acredita-se que o uso terapêutico desse óleo pelos indígenas tenha-se baseado na observação do comportamento de certos animais que, quando feridos ou picados por insetos e bichos peçonhentos, esfregavam-se nos troncos das copaibeiras. 

O óleo, de sabor amargo, depois de filtrado, apresenta uma consistência oleosa e tonalidades que variam da cor amarelo-pálida a pardo-esverdeada, às vezes com ligeira fluorescência. Os diversos tipos de óleos da copaíba podem apresentar diferentes características: branco aquoso, amarelo e de cor escura e mais consistente do que outros. A quantidade de óleo produzida e a sua consistência dependem de fatores como clima, solo, idade da árvore, estado de saúde do tronco e modo de explorar a árvore.
Desde o período pré-colombiano, os índios brasileiros têm empregado, externamente, o óleo de copaíba (Do tupi guarani “kupa’iwa”) no combate das doenças de pele e no tratamento de picadas de insetos. Tradicionalmente, os índios da Amazônia utilizavam o óleo da copaíba para curar ferimentos; eles o aplicavam no umbigo dos recém-nascidos para combater o mal dos sete dias e untavam os seus corpos com ele após os combates.

O óleo da copaíba já era bastante conhecido e utilizado terapeuticamente pelos índios brasileiros, quando os portugueses aqui chegaram.

Os índios, quando se feriam ou retornavam das lutas, untavam seus corpos com o óleo da copaíba e se deitavam sobre esteiras suspensas e aquecidas para se recuperarem e curarem seus ferimentos. Já os colonos descobriram outras aplicações terapêuticas, empregando-o como anti-séptico das vias urinárias e respiratórias, no combate da asma brônquica, na prevenção e no combate do tétano e nas afecções da pele (doenças da pele: dermatoses), como a psoríase.

Posteriormente, com a introdução do óleo de copaíba nas farmacopeias (compilações contendo a nomenclatura das drogas, dos fitoterápicos, dos remédios simples e compostos e de artigos farmacêuticos) como remédio antiblenorrágico (combate a blenorragia, doença contagiosa, habitualmente transmitida pelo contato sexual, caracterizada por uma inflamação das vias genitourinárias, seguida de corrimento purulento e dores durante a micção), sua aplicabilidade se generalizou na medicina popular e passou a ser usado como cicatrizante e anti-inflamatório local; e, internamente, como diurético, expectorante e antimicrobiando das afecções da garganta e das vias urinárias. Em 1677, o óleo de copaíba já tinha sido registrado na farmacopeia britânica e, em 1820, na farmacopeia americana. A primeira farmacopeia brasileira foi oficializada em 1926.


Diversos de seus componentes apresentam atividade farmacológica cientificamente comprovada, entre os quais se destacam o beta-cariofileno, que possui ação anti-inflamatória e protetora da mucosa gástrica. Observação: Os óleos de copaíba vêm sendo vendidos em muitas farmácias adulterados com outros óleos vegetais, o que contribui para diminuir a sua eficácia terapêutica. Ao adquirir o produto, certifique-se que o óleo de copaíba comercializado é puro e integral. Deve-se combater a automedicação e somente fazer uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição terapêuticas.

Embora se diferenciem na morfologia, as diferentes espécies de copaíba apresentam aplicação medicinal semelhante.

Constituintes

• Porção resinosa (55 a 60%): ácido diterpênicos, ácido copaíbico, ésteres e resinóides.
• Porção volátil de resina (40 a 55%): óleo essenciado que contém Beta-cariofileno (50-52%), Alfa-humuleno, Beta-bisaboleno e menores quantidades de outros oito sesquiterpenos.

Propriedades farmacológicas

Estudos recentes têm demonstrado que a eficiência terapêutica do óleo integral é maior do que as de quaisquer outras partes isoladas da copaibeira. Pesquisas in vivo e in vitro têm demonstrado que os óleos de várias espécies de copaíbas apresentam diversas propriedades terapêuticas. 

• anti-inflamatória e antibiótica natural.

• Poderoso antimicósico (que destrói os fungos miscroscópicos ou impedem seu crescimento).

• Excelente depurativo do sangue e desintoxicante orgânico.

• Restabelece as funções das membranas das mucosas, o que auxilia no processo de cicatrização.

• Antiedematoso (que combate edema).

• Antitumoral.

• Anticancerígena. Segundo os estudos realizados pelos pesquisadores do “Instituto de Química” e do “Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas” da Unicamp, o óleo de copaíba apresenta componentes que podem combater nove linhagens de câncer; inclusive células cancerígenas de ovário, próstata, rins, cólon, pulmões, mamas, melanoma e leucemia. Fonte: Jonal da Unicamp – Edição 213 – 19 a 25 de maio de 2003.

• Tripanossomicida e bactericida.

• Em pequenas doses, estimula o apetite, pois apresenta ação direta sobre o estômago.

• Apresenta propriedades antissépticas, tanto tópica quanto internamente, atuando sobre as vias respiratórias e urinárias. 

• O óleo essencial é um excelente fixador de perfumes.

Ação

• Anti-séptica (inibe e combate a ação dos microrganismos infectantes) e cicatrizante.

• No ensaio de atividade antimicrobiana, o óleo integral de copaíba, mostrou-se ativo contra Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Echerichia coli. 

• Carminativa (combate o desenvolvimento dos gases no estômago e intestino).

• Expectorante (facilita a saída das secreções purulentas das vias respiratórias).

• Diurética (favorece a secreção urinária; diurese).

• Laxativa.

• Estimulante e tônica.

• Emoliente (efeito calmante sobre a pele e as mucosas inflamadas, combatendo o ressecamento dos tecidos, conferindo-lhes maciez).

Indicações (Uso Adulto e Pediátrico)

• Nas infecções e inflamações em geral.

• Anti-séptico e cicatrizante, podendo ser empregado em feridas, eczemas, psoríase, urticária, furúnculos, nas seborreias e irritações do couro cabeludo. 

• Afecções das vias respiratórias, como tosse, gripe, resfriados, bronquite e inflamação da garganta.

• Disenteria (infecção intestinal, sobretudo do intestino grosso, que se manifesta por dores abdominais, tenesmo (contratura espasmódica dolorosa do esfíncter anal ou vesical, acompanhada pela sensação penosa e desejo muito forte e contínuo de evacuar ou de urinar) e uma diarreia grave com presença de sangue, pus e muco; pode ser causada por várias espécies de bacilos disentéricos – Shigella – e amebas).

• Como depurativo do sangue e na desintoxicação orgânica.

• Incontinência urinária, infecções urinárias e cistite (inflamação aguda ou crônica da bexiga).

• Leucorreia (corrimento esbranquiçado pela vagina; podendo ser causado por uma infecção bacteriana ou por tricomonas). 

Contraindicações

• Gestação, lactação e pessoas com problemas gástricos. Não aplicar nos olhos e queimaduras.

Efeitos Colaterais

• Não os apresenta nas doses terapêuticas recomendadas.

Superdosagem

• Pode provocar vômitos, náuseas, diarreias com cólicas e, em certas partes do corpo, um exantema. Caso esses sintomas ocorram, descontinuar o uso e procurar auxílio terapêutico.

Precauções

• Em caso de hipersensibilidade ao produto, descontinuar o uso.

Interações

• Na literatura, não existem registros de quaisquer interações com medicamentos e alimentos.

Duração da administração

• De acordo com o critério terapêutico. Na maioria das vezes, o produto é bem tolerado pelo organismo e não causa dependência física ou psíquica.

Propriedades da Copaíba

Anti-inflamatória; anti-séptica; antifúngica; hipotensora; diurética; anti-microbiana; relaxante muscular; cicatrizante; desinfetante; antibacteriana; expectorante; anticancerígena; anti-tumoral; adstringente; antibiótica; emoliente; energizante; cicatrizante do couro cabeludo; estimulante; laxante; tônica.

Para que serve a Copaíba

Pé-de-atleta; feridas; erupções na pele; dermatite; pano branco; eczema; câncer de pele; úlceras no estômago; caspa; tosse; catarro no peito; bronquite; resfriados; gripe; leucorréia; cistite; gonorréia; diarréia; hemorróidas; frieira; artrite; herpes; sífilis; micose; garganta inflamada; acne; gases; urticária.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O bambu


Sarah refletindo sobre o bambu:
"O bambu está associado à ideia da flexibilidade, que é filha da serenidade. “Um coração tranquilo é capaz de acomodar-se a muitas mudanças”, assim para se viver de forma adequada às Leis Naturais, precisamos buscar a flexibilidade tanto do corpo como a do coração, pois todo processo de rigidez gera atrito, que gera perda de energia, e perder energia significa empobrecer-se de vida.

O bambu não emitir som depois que o vento passa, significa recuperar a nossa natureza original e nela permanecer, que é um estado de silêncio interior, e assim não devemos ficar nutrindo mentalmente as ideias referentes aos acontecimentos que já passaram, e muito menos comentá-los, a não ser quando disso pudermos tirar algum proveito. 

A ideia da serenidade é permanecer consciente no minuto que passa, é colocar a atenção no presente, e assim não se preocupar, nem nutrir ansiedade pelos acontecimentos do passado ou do futuro, mas sim, tendo já planejado as metas referentes às soluções desejadas, ater-se mentalmente com a atenção na intenção da realização, ou seja, estar presente e consciente naquilo que se faz, assim procurar mais sentir do que pensar. A mente estando serena, ela acalma o coração, já a mente agitada, perturba o coração, pois a maioria das doenças possui suas raízes no desequilíbrio das emoções."

Vejam a postura da menina... boa reflexão minha pequena Samurai... e o pai ficou todo!!! bobo! Hehehe.


Sarah Emanuelle (11 meses)
Minha Luz!

Estréia do filme "O Renascimento do Parto"



ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE O FILME "O RENASCIMENTO DO PARTO"

Tenho lido algumas críticas ao filme, vindas principalmente de quem não assistiu. Gente que se sente atacada por ter escolhido cesarianas e leite artificial, e acha que o filme está atacando as suas escolhas ou que a está julgando.

Eu queria falar a essas mulheres que estão se sentindo atacadas. Vejam bem: o filme não fala de vocês em nenhum momento. O filme fala sobre três situações especiais: as mulheres que querem um parto e não conseguem, as mulheres que sofrem violência obstétrica nos hospitais, e as mulheres que escolhem um parto humanizado. O filme não toca no assunto das escolhas de cada mulher.

Não existe uma ditadura da amamentação ou do parto normal no Brasil. Hoje em dia 90% das mulheres do serviço privado e 40% das que usam serviço público (considere 60% das que usam serviço público nas regiões sul e sudeste) vão ter cesarianas. Se existe uma ditadura no Brasil, numericamente é a das cesarianas. Mas o filme não fala que as mulheres não podem escolher, ou que devam ser proibidas. O filme diz que as mulheres que querem ter um bom parto, deveriam ter direito a essa escolha.

Mal comparando, quando alguém diz que é vegetariano e faz um filme sobre vegetarianismo, não é uma proposta de abolição da carne no mercado, nem de proibir você, nem de condenar você por comer carne. As pessoas estão falando de si próprias e propondo um modelo para quem assim o desejar.

Minha pergunta é: porque um filme sobre o parto normal te incomoda tanto? Porque é que falar sobre aleitamento materno te incomoda tanto? Em que parte do seu corpo ou do seu coração esse assunto dói assim?

Ana Cristina Duarte




Mas o mais tocante, obviamente, foi o filme. Denso sem ser tenso, leve sem ser breve. O necessário, o que precisamos ouvir e entender. Nem toda tecnologia é bem vinda: a poluição, o consumismo, nossa epidemia de obesidade e de doenças mentais como a depressão estão aí nos provando que a busca pela evolução tem nos custado muito caro. E será que evoluímos? Nos tornamos melhores? Em que? A comida que vem no pacotinho é melhor? As comodidades que nos fizeram sedentários nos tornaram melhor? 

As intervenções médicas (episiotomia, ocitocina, puxo dirigido, jejum, entre tantas) e a própria cesariana, marcada e sem indicação, fizeram o parto melhor?

Os números, os estudos, as estatísticas e o bom senso de quem PAROU pra pensar no assunto provam que não - o filme te resume o por quê.

Por isso ele é importante. Todo mundo acompanha o nascimento de alguém e vai interferir de alguma forma, por apoio, por palpite. Que tal apoiar de forma positiva?

Assistam o filme. Está no cinema do Shopping Beira-mar a partir do dia 16/08. Se não por você, pelas mulheres grávidas que um dia estarão ao seu redor. 

Termino com a argumentação que mais me marcou, do Ricardo Herbert Jones: o parto mexe com as três questões mais intensas da humanidade: a vida, a morte e o sexo, daí a necessidade da humanidade ritualizar (e racionalizar!) esse evento, tão fisiológico, tão parte da mulher. Sabendo disso, não fica mais fácil perceber que esses rituais não são pro bem, pelo melhor, pela saúde, mas apenas pelo medo da intensidade da vida? Eu não quero viver com medo, porque isso não é viver. 

Você quer?

Juliany Silva
Om Dum Durgayei Namaha


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O conceito do continuum - a importância da fase do colo

A antropóloga americana Jean Liedloff estudou a tribo venezuelana dos Yequana e defende que para conseguir um desenvolvimento físico, mental e emocional ótimo, o ser humano e especialmente um bebê, necessita o tipo de experiências às quais a nossa espécie se adaptou durante uma longa evolução. Para uma criança são: constante contato físico com seu cuidador desde o nascimento, dormir com os pais até deixar de fazê-lo por vontade própria, amamentação a livre demanda, ser levado constantemente nos braços ou de maneira que possa observar a atividade do adulto, ter cuidadores que respondam aos seus sinais imediatamente sem julgá-la e finalmente, sentir que cumpre as expectativas dos pais, que é bem-vindo e digno. Segundo Liedloff, as crianças cujas necessidades "continuum" forem satisfeitas crescerão com maior auto-estima e serão mais independentes.

Nos dois anos e meio que morei entre os índios da idade da pedra na selva sul-americana – não consecutivos, mas sim em cinco expedições distintas com muito tempo entre elas para refletir – cheguei a compreender que a natureza humana não é o que nos fizeram acreditar. Os bebês da tribo Yequana, longe de precisarem de paz e tranquilidade para dormir, tiravam uma soneca tranquilinhos enquanto os homens, mulheres ou crianças que os carregavam dançavam, corriam, andavam ou gritavam. Todas as crianças brincavam juntas sem brigar ou discutir e obedeciam aos mais velhos no mesmo instante e de bom grado.

A essa gente nunca lhes passou pela cabeça a idéia de castigar uma criança e, no entanto, seu comportamento não deixa entrever permissividade nenhuma. Nenhum moleque faz escândalo, interrompe os outros ou espera que um adulto lhe mime. Aos quatro anos, contribuíam mais com as tarefas do lar que davam trabalho elas mesmas.

Os bebês nos braços quase nunca choravam e era fascinante comprovar que não agitavam os braços e as pernas, não arqueavam as costas nem flexionavam as mãos e os pés. Permaneciam sentados nos slings ou dormiam encostados nos quadris do seu cuidador, desmentindo deste modo a crença de que os bebês precisam mover-se e flexionar as extremidades para exercitar-se. Também observei que não regurgitavam a não ser que estivessem muito doentes e que também não tinham cólicas. Quando se assustavam nos primeiros meses de engatinhar, não esperavam que ninguém acudisse correndo, ao invés disso, iam sozinhos em direção à mãe ou cuidador em busca dessa sensação de segurança antes de seguir com suas explorações. Inclusive sem supervisão, nem os menorzinhos se machucavam.

Será que sua natureza humana é diferente da nossa? Algumas pessoas assim o creem, mas evidentemente só existe uma espécie humana. Que podemos aprender, então, da tribo Yequana?

Antes de tudo, podemos tentar compreender o poder educativo do que eu chamo da “fase do colo”, que começa no momento do nascimento e termina quando o bebê começa a mover-se, quando pode afastar-se do seu cuidador e voltar quando queira. Essa fase consiste, simplesmente, em que o bebê tenha contato físico durante as 24 horas com um adulto ou criança mais velha.
A princípio, vi que essa experiência tinha um efeito extraordinariamente benéfico para os bebês, que não eram tão difíceis de tratar. Seus suaves corpinhos se adaptavam a qualquer postura que fosse cômoda para quem o levasse. Em contraposição a esse exemplo, vemos a incomodidade dos bebês que, com sumo cuidado, dormem no berço ou no carrinho. Bem agasalhados, se encontram lá jogados e rígidos, com o desejo de abrigar-se a um corpo vivo e em movimento: o lugar que lhes corresponde por natureza. Um corpo, em definitivo, que pertence a alguém que acreditará no seu choro e aliviará o seu anseio com braços afetuosos.
Por quê nossa sociedade é tão incompetente? Desde a infância, nos ensinam a não acreditar nos nossos instintos.Condicionados para desconfiar do que sentimos, nos persuadem para que não acreditemos no choro de um bebê que diz: “ Me pega no colo!”, “Quero estar com você!”, “Não me deixe!”. Em lugar disso, recusamos a idéia da resposta natural e seguimos os preceitos da moda que são ditados pelos “especialistas” no cuidado infantil. A perda da fé em nossa experiência inata nos leva a pular de um livro a outro, à medida que vão fracassando todas e cada uma das modas passageiras.


É essencial entender quem são os verdadeiros especialistas. O segundo especialista em cuidado de bebês reside no nosso interior, assim como em cada ser vivo que, por definição, deve saber como cuidar de sua cria. É claro que o maior especialista é o próprio bebê, programado durante milhões de anos de evolução para demonstrar seu temperamento com sons e gestos quando gosta do cuidado que recebe. A evolução é um processo de perfeição que “afinou” nosso comportamento com uma precisão magnífica. O sinal do bebê, a compreensão deste por parte dos que o rodeiam e o impulso a obedecê-la formam parte do caráter da nossa espécie. Nosso intelecto presunçoso demonstrou-se mal preparado para advinhar as autênticas necessidades do bebê. A pergunta costuma ser: “Devo pegar o bebê quando chora?”, “Devo deixar chorar um pouco antes de pegâ-lo?” ou “Deveria deixar que chore para que saiba quem manda e não se torne um tirano?”.

Nenhum bebê concordará com essas imposições. De forma unânime nos fazem saber através de gestos e sinais que não querem que lhes façamos dormir e lhes ponhamos no carrinho.Como essa opção não foi muito defendida na civilização ocidental atual, a relação entre pais e filhos acabou marcada por essa confrontação.
O jogo se centrou em como fazer o bebê dormir no berço, mas nunca se debateu se é preciso respeitar ou não o choro do bebê. Apesar de que o livro de Tine Thevenin, The Family Bed (A Cama Familiar), entre outros, abriu a brecha com o tema de que as crianças durmam com seus pais, não se abordou com claridade suficiente o princípio mais importante: “Atuar contra a natureza como espécie conduz irremediavelmente à perda do bem-estar”.

Então, uma vez que compreendamos e aceitemos o princípio de respeitar as expectativas inatas, poderemos descobrir com exatidão quais são essas expectativas. Em outras palavras, saberemos o que é que a evolução nos acostumou a experimentar e sentir.

A Função Educativa

Como cheguei à conclusão de quão importante é a fase do colo para o desenvolvimento de uma pessoa? A primeira coisa que vi foi como era feliz essa gente nas florestas da América do Sul com seus bebês penduradinhos no corpo e, pouco a pouco, fui relacionando esse fato tão simples com a qualidade de vida. Mais tarde, cheguei a certas conclusões a respeito de como e por quê é essencial o contato contínuo com o cuidador na fase pós-natal do desenvolvimento.

Por um lado, parece que a pessoa que carrega o bebê (normalmente a mãe durante os primeiros meses e depois uma criança de 4 a 12 anos que devolve o bebê à mãe para que esta lhe alimente) está servindo de base para as experiências posteriores. O bebê participa passivamente nas corridas, passeios, risadas, bate-papos, tarefas e brincadeiras do cuidador que o carrega. As atividades, o ritmo, as inflexões de linguagem, a variedade de vistas, noite e dia, a variação de temperatura, secura e humidade, além dos sons da vida em comunidade, formam a base para a participação ativa que começará aos seis ou oito meses, com o arrasto, a engatinhada e depois o passo. Um bebê que passou todo esse tempo deitado no berço, olhando o interior de um carrinho ou o céu, terá perdido a maior parte dessa experiência essencial.
Devido à necessidade que a criança tem de participar, é muito importante que os cuidadores não fiquem olhando pra ele ou perguntando constantemente o que querem, mas sim que deixem que eles mesmos tenham vidas ativas. De vez em quando, não podemos resistir a dar-lhes um monte de beijos, no entanto, uma criança que está acostumada a ver passar a vida agitada que levamos se confunde e se frustra quando nos dedicamos a contemplar como ele vive a sua. Um bebê que não fez mais que contemplar a vida que vivemos, se submerge na confusão se lhe pedimos que seja ele quem a dirija.

Parece que ninguém se deu conta da segunda função essencial da experiência da fase do colo, inclusive eu mesma, até meados da década de 60. Esta experiência dota os bebès de um mecanismo de descarga do excesso de energia que não são capazes de fazer por si mesmos. Nos meses anteriores a poder mover-se sozinhos, acumulam energia mediante a absorção do alimento e a luz solar. É então quando o bebê necessita o contato constante com o campo energético de uma pessoa ativa que possa descarregar o excesso de energia que nenhum dos dois utiliza. Isso explica porque os bebês Yequana estavam tão relaxados e porque não ficavam rígidos, davam chutes ou arqueavam as costas.

Para oferecer uma experiência ótima nesta etapa temos que aprender a descarregar nossa energia de maneira eficaz. Podemos acalmar mais rapidamente um bebê correndo com ele, dançando ou fazendo o que seja para eliminar o excesso de energia próprio. Uma mãe ou pai que tem que sair de repente para buscar alguma coisa não precisa dizer: ”Fica com o bebê que vou correndo até a loja”. O que tenha que sair que leve o bebê. Quanto mais ação, melhor.
Bebês e adultos experimentam tensões quando a circulação de energia nos seus músculos não flui bem. Um bebê cheio de energia acumulada não descarregada está pedindo ação: uma volta pela sala dando pulinhos ou uma dança agitada. O campo de energia do bebê aproveitará imediatamente essa descarga do adulto. Os bebês não são as pessoinhas frágeis que costumamos tratar com luvas de seda. De fato, se neste estágio de formação tratamos a um bebê como se fosse frágil, acabará acreditando que é fraco de verdade.

Como pais, podemos conseguir a destreza para comprender o fluxo de energia do nosso filho. No processo, descobriremos muitas mais maneiras de ajudá-lo a manter o suave tônus muscular do bem-estar ancestral e de proporcionar-lhe a calma e o conforto que necessita para sentir-se confortável nesse mundo.
Publicado originalmente na revista Mothering, edição do inverno de 1989 
Leitura:
Continuum Concept, The – Liedloff, Jean. Perseus Books (1986).

http://www.continuum-concept.org/
Tradução de Bel Kock-Allaman

domingo, 11 de agosto de 2013
















"A experiência do parto modifica a mulher porque permite que ela chegue a lugares dentro dela nunca antes acessados. Ela conseguirá visitar coisas íntimas do seu ser – chame de alma, mente, espírito, coração, enfim – este encontro representa uma mudança, um avanço para a vida inteira. Quando parimos, ampliamos nosso limite e, isso por si só, já é um avanço, uma expansão de consciência. Parir é uma oportunidade maravilhosa de experimentar uma sensação única, de conhecer melhor seu corpo, sentir sua plena capacidade, e isso faz com que a mulher ganhe confiança para a desafiadora jornada que está iniciando de se tornar mãe. Ou seja, a mulher que pariu - em comparação à mulher que foi operada para ter seu filho - normalmente inicia a maternidade com auto-estima e confiança. Acredito que tornar-se mãe é um processo profundo e quanto mais integralmente a mulher puder vivenciar isso, quanto mais responsável se sentir pelo evento, mais instrumentos adquire para o exercício da maternidade. É interessante mencionar que o benefício não é apenas por ser o parto natural a melhor forma de nascer para o bebê e para a mãe, o ganho é bem mais amplo, podendo ser desde a gostosa sensação de vitória que fica até no pós-parto até um insight poderoso, um enfrentamento de medos ou mesmo uma linda renovação da família."

Veja aqui a entrevista com Ana Cristina Duarte: