Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lista de Vantagens do Parto Humanizado

Por Dr. Ricardo Jones (obstetra, ginecologista e homeopata)

1. Proporcionar ao seu filho a verdadeira experiência do nascer; 
2. Ter você a verdadeira experiência de dar à luz;
3. Poder participar do nascimento do filho;
4. Interação mãe-bebê imediata;
5. Não TER cicatriz nem no corpo, nem no espírito;
6. Possibilidade de dores abdominais por aderências, infinitamente menor do que em uma cesariana.
7. Risco de hemorragias e infecções reduzido;
8. Recuperação pós-parto praticamente imediata;
9. BEBÊ recebe um aviso biológico de que sua hora de nascer está chegando e, portanto, prepara-se melhor para esse momento, vindo ao mundo com menos problemas de adaptação;
10. Fica-se muito menos tempo no hospital, acarretando menos custos financeiros e emocionais;
11. Acarreta menos riscos físicos e emocionais para mãe e bebê;
12. A dor das contrações é muito menor do que as dores contínuas por pelo menos 2 ou 3 meses de um pós parto cirúrgico;
13. É mais ecológico, pois dispensa todo o aparato moderno descartável que emporcalha o planeta;
14. Menor índice de depressão pós-parto;
15. Conexão espiritual com todas as nossas ancestrais;
16. Oportunidade de um orgasmo indescritível e transcendental;
17. Poder olhar seu filho olho-no-olho nos primeiros minutos de existência dele e perceber uma luminosidade ao seu redor;
18. Poder cantar as glórias de ser uma mulher que confia em seu corpo e na fisiologia do parto;
19. Ser um exemplo positivo pra mudar o paradigma tecnocrático vigente;
20. Sentir-se ativa no processo;Para quem tem seu filho em casa existem mais vantagens ainda!!
21. Não ver seu bebê nas mãos de um monte de gente antes de chegar no seu colo; 22.. Saber que ele nunca vai ser 'roubado';
23. Seu bebê nunca vai ser alimentado com fórmula (mamadeira);
24. Risco de infecção hospitalar 0%;
25. Não ser confinada em uma cama e poder ir onde desejar;
26. Poder comer e beber à vontade ao seu gosto tudo o q quiser;
27. Poder ficar sozinha e no seu canto até quando desejar ter companhia e ajuda; 28.. Poder ficar na posição que desejar: em pé, deitada, andando, de cócoras, de quatro, pendurada na rede ou no abajur!;
29. Estar na sua cama confortável com seu parceiro e providenciar algumas carícias pra acelerar o parto;
30. Não ser monitorada por máquinas;
31. Não ter o cordão umbilical cortado antes do tempo;
32. Poder promover o silêncio e o escurinho necessário ao momento mágico;
33. Não ser coagida à uma cesárea!;
34. Nunca ter sua veia perfurada pra 'soro' ou outras drogas sem sua permissão; 35.. E, é claro, não ter os efeitos colaterais dos mesmos no seu corpo ou do seu bebê;
36. Em caso de VBAC, você vai ter certeza que VAI SER UM VBAC mesmo!!
37. Não precisar sair do seu 'porto seguro' para ir à uma instituição hospitalar, principalmente de madrugada!;
38. Poder ir ao banheiro sem pedir permissão;
39. Poder usar suas próprias roupas ou nenhuma!;
40. Ter somente quem você deseja por perto;
41. Fazer o que desejar com sua placenta: comer, usar como adubo para árvores, etc...
42. Não ter avaliação de colo uterino depois do parto;
43. Não ter ninguém te falando para tomar vitaminas, por está com cara de atropelada (depois de ficar a noite inteira em TP, alguém fica pronta pra uma festa?)
44. "Vacinação/Imunização" natural no momento da passagem do bebê pelo canal vaginal. Explico: o bebê vive por nove meses em um ambiente estéril e, ao nascer de parto normal, recebe anticorpos da mãe. Assim ele já chega ao mundo imunizado. Já com a cesariana o bebê passa de um ambiente estéril para as mãos dos médicos etc., sem essa proteção natural da mãe...
45. A compressão do canal vaginal espreme o bebê, mal comparando, como uma bucha, sai líquido pelos ouvidos, narinas. Ele já nasce sequinho, pronto para respirar. 46.. Psicólogos afirmam que o "trabalho" de parto é um processo de esforço importante para o bebê, um despertar de traços como perseverança, garra, vontade. O bebê não é passivo no parto normal, é ativo.
47. O processo do parto desperta uma cadeia de reações hormonais (é o bebê que manda mensagens para o cérebro da mãe, e este desencadeia as reações hormonais do trabalho de parto) responsáveis pela descida do leite, pela diminuição do tamanho do útero para que volte ao normal e outros tantos efeitos. É um processo perfeito. 48.. A capacidade de entrar em contato com nossos medos e dores é trabalhada. Vivemos num tempo em que isso é visto como indesejável e há toda sorte de artifícios para se evitar o medo e a dor. Só que essa fuga trouxe para as pessoas apenas inabilidade, porque os sentimentos dolorosos não deixaram de existir na vida de ninguém.
49. A maturação final do pulmão do bebê acontece durante o processo de trabalho de parto.
50. Num parto normal você se conecta com as energias da natureza. Sabe o que isso significa? Não? Talvez tenhas que passar por esta experiência.

Lista de Riscos da Cesariana

Para o bebê:
  1. Risco de complicações e desconforto respiratório
  2. Demora maior para o leite "descer"
  3. Maior probabilidade de aspiração com cânulas no bebé após o parto (vias aéreas e orais)
  4. Risco de morte 10x maior para o bebé
  5. Grande probabilidade do bebé ficar longe da mãe após nascer
  6. Maior risco de infecção neonatal por aspiração de mecónio
  7. Maior dificuldade no aleitamento
  8. Maior probabilidade de desmame precoce
  9. Lesão do bebé (na hora da cesariana)
  10. Maior risco de morte fetal inexplicável no final da gestação seguinte
  11. Dificuldades de vínculo com a mãe
  12. A mãe pode precisar de analgésicos fortes para aliviar a dor no pós-parto e estes podem passar para o bebé através do leite
  13. Maior risco de internamento do neonato em UTI
Para a mãe:
  1. Risco de ruptura uterina aumentada no próximo parto, caso sejam utilizadas oxitocina artificial no soro e/ou anestesia.
  2. É difícil encontrar um médico que faça partos normais após cesarianas pois são dependentes das drogas citadas acima
  3. Risco de morte 4x maior
  4. Risco de infecção hospitalar
  5. Pós-parto demorado e dolorido.
  6. Depois o desconforto da cirurgia, a dor, a maior dependência de outras pessoas para cuidar do bebé.
  7. Dificuldades para engravidar posteriormente, maior risco de infertilidade posteriormente
  8. Risco de endometriose
  9. Risco de hemorragias, transfusões e morbilidades provocadas por transfusões
  10. Sensibilidade na cicatriz a longo prazo (coceira, dor, sensação de estiramento, etc.)
  11. Dormência na região entre a cicatriz umbilical e corte cirúrgico.
  12. Formação de Aderências
  13. Aumenta as probabilidades do próximo parto ser cesariana
  14. Lesão no intestino (na hora da cesariana)
  15. Maior Risco de trombose doenças correlatas (incluindo embolia)
  16. Risco de acidentes com anestesia
  17. Risco da anestesia não pegar e ter que fazer uma anestesia geral
  18. Maior incidência de Inserção Baixa de Placenta
  19. Maior probabilidade de Acretismo Placentário
  20. Histerectomia (perda do útero) devido ao sangramento
  21. Maior necessidade de transfusão sanguínea
  22. Morte materna devida a hemorragia, consequente a inserção baixa de placenta
  23. Maior risco de atonia uterina
  24. Maior risco de embolia pulmonar
  25. Maior risco de trombose venosa profunda
  26. A próxima gravidez não mais será de baixo risco
  27. Risco de reiteradamente, recuperação por infecção da cicatriz, deiscência de pontos, sangramentos, etc.., com consequente afastamento do bebé
  28. Dificuldades de vínculo com o bebé
  29. Não realização da plenitude da maternidade.
  30. Maior índice de depressão pós-parto
Se a cesariana foi feita antes do trabalho de parto, marcada com antecedência pelo médico, além dos riscos acima podemos adicionar:
  1. Risco de prematuridade do bebé
  2. Um desrespeito monstruoso e uma tremenda violência à mãe e ao bebé
  3. A perda da oportunidade da primeira descoberta de sua própria força e capacidade de luta
  4. A perda da energia que estava sendo guardada para o momento do parto, que gera frustração
  5. A perda da oportunidade de vivenciar uma situação que lhe daria noção de foco, de fazer esforço numa direcção e sentido correcto
  6. Quem convive com essas consequências de uma desnecesaria, aprende as verdades da vida de uma forma muito dolorosa... e demorada.
  7. Segundo os astrólogos (para quem curte o tema), o bebé nasce com uma dualidade na personalidade (situação astrológica natural x situação astrológica forçada)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Relato de Parto de Shana, Sassá e Anahí por Adelise Noal


ANAHÍ – Linda Flor


Por Adelise Noal (médica-parteira)
“A adoração da lua é a adoração dos poderes criativos e fecundos da natureza e da sabedoria que é inerente ao instinto e à harmonia com a lei natural.” M. Esther Harding
Nesta introdução lembro do trabalho médico. que realizo há quase 30 anos, cuidando das mulheres e seus desejos de engravidar até chegar ao estado de gestante. Na sequencia, a preparação da gravidez até seu ponto principal que é o trabalho de parto. Muitas destas mulheres tive a alegria de poder participar de seus partos, visto que , como médica podia estar presente no ambiente hospitalar.

Esta atividade tomou um novo rumo desde que ingressei na classe das parteiras do Santo Daime, com a posterior benção da madrinha Cristina, uma das mais respeitadas parteiras da comunidade do Céu do Mapiá, no estado do Amazonas, quando fui até Curitiba entrevistá-la sobre seu ofício de parteira, em 2004.
Nem sempre publico meus relatos, somente aqueles que considero terem um desenvolvimento que pode servir de guia para outras mulheres se colorarem internamente no caminho de entrega ao fluxo natural, em sua experiência do partejar. Confiar com coragem, pois o nascimento é a vivência da encarnação de um poderoso arquétipo, nossa identidade humana.
Parto em casa
Nascer como morrer é um processo, temos que percorrer a linha do tempo e observar seus sinais. Uma rosa, um beija-flor, uma oração, detalhes… Olhar atento nos desdobramentos, percurso circular da roda da vida.
Shana, Sassá, nascimento de Anahí.
Shana, doula e professora de Ioga para gestantes, lutou pelo direito de ter seu bebê em casa. Durante a gestação fez vacinação para prevenir herpes vaginal e a partir de 36 semanas iniciou uso de medicamento profilático anti viral, pois a presença do vírus impediria o parto vaginal.
Ponto inicial… 39 semanas de gestação, 23 de setembro, domingo de primavera em Porto Alegre no hemisferio sul.
Primeiro período do trabalho de parto.
A dor é um estudo fino. Dor que rasga as entranhas… todas sabemos que doe, mas a experiência imediata é ímpar, só se descobre ao vivenciá-la, representa o primeiro grande desafio. Pequenos intervalos contados em minutos que vão ganhando intensidade e frequência, tendo que suportá-la por horas, enquanto avança a dilatação.
Grande koan do primeiro período do trabalho de parto: a dor.
Hora de acessar a ancestralidade feminina, enfrentar a dor, ir além dela. Questões vindas de estruturas moleculares da matéria corpórea, emergem sob a forma de dor, vem em círculos descendentes enquanto o útero se contrae e se dilata no desenrolar da expressão instintiva. A mulher precisa entender o que está acontecendo e se colocar a cada momento na posição correta de forma espontanea. Um alinhamento caleidoscópico. Dores, cores, sons se misturam em sensações. A dor precisa ser compreendida e aceita, assim é possível encontrar maneiras de suportá-la e superá-la. Como no mito de Ísis, deusa lunar, a mulher entra no barco da deusa e viaja com ela pelas enchentes, nas águas torrenciais até a região do sol. Deste modo, sentir o calor de suas próprias emoções. A intensidade das emoções que queimam o corpo, precisam ser aprendidas, testando seus limites.
No livro Os Mistérios da Mulher de M. Esther Harding, ela expõe:
"Para achar os limites ou fronteiras da própria natureza e para chegar a saber os princípios impessoais que realmente governam nas profundezas da psique, é necessário que se explorem as próprias capacidades ao máximo. É aqui que a iniciação no templo tem seu lugar, pois, no serviço à deusa, no domínio de Eros, a experiência emocional não é obstruída pelas restriçoes. de qualquer ordem. No templo da deusa o ser humano, homem ou mulher, está defrontado consigo mesmo, seu próprio instinto, sua própria emoção. Precisa experimentar-se ao máximo.”

É preciso transpor os mecanismos da matéria e elevar a mente a uma instância espiritual. A via instintiva e a via arquetípica se interpenetram na progressão do tempo. Jung compara o arquétipo manifestado, encarnado, com a passagem da luz através de um prisma que vai decompô-la em cores. No seu aspecto ultra violeta corresponde ao arquétipo, na sua expressão espiritual e em sua porção infravermelha o instinto, sua expressão material. Os dois polos compõem a frequência luminosa.
A primeira parte do trabalho de parto é a entrada da mulher no prisma de luz. Quando ela chega no segundo período do trabalho, a mente racional já se desfez e o que existe é uma fêmea mamífera, parindo seu filhote. A vivência arquetípica está no máximo da intensidade. Aqui se entra em um novo estudo, a passagem pelas espinhas ilíacas, arcabouço ósseo em forma de caverna, a porta estreita que mãe e bebê têm que ultrapassar. A chave que abre esta porta é um segredo profundo. “… este segredo profundo, está em toda humanidade…” É a flor das águas, como diz o hino de mestre Irineu. Estrela d água!
Depois que a porta abre, mais um desafio; a passagem final pelo assoalho muscular perineal. É preciso soltar, relaxar em meio a dor, em meio a tudo, sem racionalidade alguma. Ser guiada pelas mãos da própria natureza intrínseca.
Assim o último portal se descortina no coroamento de todo o processo, surge a cabeça do novo ser. Vista do lado de fora, isto é, no períneo, como uma coroa. Neste parto ela esteve presente por mais de 5 contrações expulsivas. Auxilío na saída, manobras obstétricas…
A posição encontrada por Shana foi na beirada de sua cama, com os pés apoiados nas minhas pernas, o pai dando o apoio nas suas costas e eu sentada em sua frente. Anahí nasce no ar, minhas mãos e braços foram sua primeira sustentação nesta vida. Desce junto com o líquido amniótico que jorra encima de minhas pernas e pés. As águas profundas que emergem com o novo ser e derramam suas bençãos sobre nós.
Hora do nascimento 1h e17min, apgar 8 no primeiro minuto e 10 no quinto minuto.
Peso 3000 gramas e comprimento 50 cm.
Shana e Sassá não sabiam o sexo do bebê, o que trouxe ao instante um acréscimo de encantamento com a descoberta: é uma menina !!! Como nos tempos antigos quando não se podia saber através de exames o sexo do bebê. Mais um segredo que se revela e o estado alterado de consciência que se fez presente no trabalho é transformado em experiência de êstase. Êstase psicofísicoespiritual.
O ser em completude. Mãe e filha! Pai e filha! Mãe, pai e filha!
Conhecendo… reconhecendo… Momento de puro amor… aprendendo a mamar… aprendendo a ser mãe… aprendendo a ser pai… aprendizado de toda uma vida, de todas as nossas vidas!

parto
Terceiro periodo do parto, saída da placenta. O período expulsivo foi longo, bem como para a placenta: 4 horas de espera paciente segurando o cordão. Calor local, massagem, amamentação até que, tudo pronto. Na observação do períneo foi encontrada uma pequena laceração sem necessitade de sutura. Assim se encerraram os procedimentos que envolveram este parto, ocorreu de forma totalmente natural. Intervenções, somente as que geraram maior estado de abertura ao processo fisiológico, como: massagens, banhos quentes, compressas mornas, acupuntura, liberdade de encontrar posições adequadas à gestante para suportar melhor a dor e auxiliar nas contrações. Conforme os desejos de Shana e Sassá.
IMG_0423
Tempo de duraçao do trabalho de parto: 12 horas, acrescido de contrações dolorosas esparsas nas 24 horas que antecederam ao parto. Tudo em paz e harmonia ao nascer do sol do dia 24 de setembro de 2012. Kin 119, tormenta lunar azul, da onda encantada do espelho branco.
Mais um serzinho que vem ao mundo para atingir uma nova dimensão espiritual. Viva Anahí, bela flor do céu!
“Yin é como uma imagem de madrepérola escondida no recôndito mais secreto da casa” C.G. Jung
obs: participaram deste parto – Shana e Sassá, Adelise Noal (médica-parteira) e Claudete Borges(auxiliar de enfermagem)

(Ao lado, Anahí com 3 meses.)

Fonte: PartoAlegre