Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Os sete segredos das crianças super felizes

Por Isabel Meireles


Nós estamos sempre focados em tudo o que é preciso fazer para nossas crianças se tornarem adultos bem sucedidos. Pensamos muito na trabalheira e no cansaço que dá criar um filho. Mas e a felicidade deles? Estamos também pensando no que faz nossos filhos felizes? Sim, porque a infância deveria ser, sobre todas as outras coisas, o momento de simplesmente ser feliz.

A lista abaixo enumera sete segredos - ao alcance de qualquer pai ou mãe - de crianças felizes. 

1. Crianças felizes fazem suas refeições em horários regulares. Parece bobo, não é? Mas tente lembrar de como você mesmo se sente quando tem fome. É assim que os pequenos se sentem quando pulam um lanche ou têm que esperar horas pelos convidados daquele super jantar na sua casa. Ninguém gosta de sentir fome. E comer em intervalos regulares não só reabastece os corpinhos e os cérebros infantis mas mantém a fome sob controle. Afinal, é bem difícil se sentir alegre e tranquilo com a barriga roncando!

2. Crianças felizes dormem bem. Ok, é bem fácil falar... sabemos que existem crianças mais e menos dorminhocas, mas isso não é desculpa para não criar hábitos de sono consistentes. As crianças precisam aprender a dormir e é nosso - às vezes árduo - trabalho ensiná-las. Criança cansada fica irritada e manhosa. Já uma criança com a noite bem dormida está pronta para ver o dia nascer feliz. Faça do sono e dos horários fixos de dormir prioridades absolutas.

3. Elas brincam livremente. Nada de ficar dando instruções na hora da brincadeira, nem de sobrecarregar os pequenos de atividades. Hoje em dia as crianças estão muito ocupadas com cursos e obrigações. Passam o dia inteiro recebendo instruções: escola, natação, música, inglês. Não há tempo para brincar e deixar a imaginação correr solta. Até os próprios brinquedos contém instruções! É bom que as crianças tenham tempo para brincar, só brincar. E que junto com aqueles brinquedos "hi-tech" existam outros que dependam exclusivamente da imaginação deles, como por exemplo, os carrinhos e bloquinhos de madeira.

4. Crianças felizes expressam suas emoções livremente. Elas choram quando estão tristes, gritam quando têm raiva e, às vezes, precisam andar em círculos porque nem sabem direito o que estão sentindo. Deixe elas se expressarem do jeito delas, mesmo que o "show" seja público. Enquanto nós adultos já sabemos mais ou menos o que fazer com determinadas emoções (ligar para um amigo e desabafar, por exemplo), as crianças ainda são mais primitivas neste quesito. Tentar calá-los ou reprimi-los, envergonhando-os pelo comportamento, não ajuda. Deixem que elas liberem as emoções do jeito que bem entendem e então ofereçam ajuda. Sem dúvida nenhuma esses momentos chilique são desafiantes para os pais. Mas muito pior é ver seu filho passar a vida inteira internalizando emoções negativas. Recalcar as lágrimas ou a raiva pode ser a causa de uma baita depressão mais tarde.

5. Elas podem fazer escolhas. Nossos pequenos têm muito pouco controle sobre a própria vida. Eles passam o dia inteiro escutando o que comer, para onde ir, o que fazer. Deixe algumas decisões a cargo deles. Poder escolher ocasionalmente o que vestir ou jantar é, com certeza, razão para sorrisos.

6. Elas sentem que estão sendo escutadas. Escute seus filhos para valer, não faça apenas de conta! Até porque até os mais pequeninhos percebem se você está de verdade prestando atenção ou se você ligou o piloto automático. A criança precisa saber que você se importa verdadeiramente com ela, que seu interesse é real. Isso vai ajudar vocês a criarem um relacionamento honesto e legal para toda a vida.

Gostou das dicas? Mas o mais importante ainda está vindo aqui:

7. Crianças felizes são amadas incondicionalmente. Criança apronta mesmo: você pede para não pular no sofá e ela pula. Aí ela se machuca e chora. E por mais que essa lógica seja meio incompreensível para nossa cabeça de adulto, infância é isso: um eterno jogo de tentativa e erro. Nossos filhos precisam experimentar e ver o que acontece. E nós temos que perdoá-los e amá-los mesmo quando os "experimentos" não dão certo. As crianças têm mais coragem de se arriscar quando sabem que seus pais vão amá-los e apoiá-los de qualquer jeito. Só assim podemos ajudá-los a se tornarem pessoas confiantes e com discernimento para tomar suas próprias decisões.

Seus filhos são felizes quando eles sabem que você sempre vai estar lá: "na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza".


Esse texto é uma adaptação do artigo e da entrevista "7 Secrets of Highly Happy Children" da terapeuta infantil Katie Hurley no site The Third Metric. Aqui o link para o artigo original e para a entrevista.

A ciência por trás do chilique



A cena parece ter saído de um filme de terror: por alguma razão inexplicável ou banal, seu filho de dois anos que há 5 minutos era a criança mais fofa do mundo, se transforma numa pessoinha raivosa e inconsolável. Ele se atira no chão e atira coisas em você. Ele chora compulsivamente, como se estivesse diante de uma tragédia enorme. Como se o mundo fosse acabar. Como se ele fosse acabar. 


A última vez que minha filha sofreu a metamorfose "de fofa para louca" foi agora há pouco. O que desencadeou o ataque histérico foi simplesmente eu ter negado o segundo saquinho de balas que ela ganhou numa festa. Quando ela percebeu que a ingestão compulsiva de balas lhe estava sendo negada, ela se jogou no chão e começou a se estapear - ?! Pausa aqui para minha absoluta cara de perplexidade. 


Crianças entre 1,5 e 3 anos de idade têm rompantes de raiva e frustração profunda com freqüência. A boa notícia é que eles não fazem isso porque são mal educados ou porque tem uma falha na personalidade. Os chiliques são normais e existem explicações científicas para eles.


A revista Slate entrevistou 5 especialistas em psicologia infantil para buscar explicações para os famosos chiliques. Depois de ler o que eles disseram você começará a achar o comportamento da sua ferinha absolutamente razoável. 

Confira:

Crianças com entre 1 e 3 anos de idade acabaram de aprender a andar e desenvolvem a cada dia novas habilidades psíquicas e motoras. Eles estão loucos para explorar o mundo fazendo uso do know-how recém adquirido. Ao mesmo tempo, os pequenos exploradores estão morrendo de medo do que podem encontrar por aí e estão sempre apavorados com a possibilidade de que seus pais os deixem sozinhos nesta aventura. E são justamente essas pessoas tão amadas, que deveriam lhes ajudar, que estão o tempo todo lhes negando o prazer da descoberta. Não entre aqui. Não mexa aqui. Não toque na faca. Não enfie a mão dentro da privada. Não despeje o saleiro no tapete. "Eles não entendem suas razões. Eles só sabem que alguma coisa com a qual eles estavam se divertindo muito lhes foi repentinamente tomada, pelas pessoas que eles mais amam" explica Alice Lieberman, autora do livro "The Emotional Life of the Toddler". As crianças se sentem traídas. A dor delas é comparável ao que nós sentiríamos se fossemos traídos por nossos maridos ou esposas.


A incapacidade de se expressar perfeitamente também motiva os ataques de raiva. Enquanto nós adultos conseguimos indentificar e categorizar nossas emoções devido a nossa capacidade de se comunicar perfeitamente, crianças entre 1,5 e 3 anos ainda estão desenvolvendo a fala. Pesquisas científicas argumentam que a comunicação oral influencia muito a capacidade do ser humano de processar emoções negativas. Além disso, nós somos capazes de eventualmente negociar com pessoas que estejam agindo contra nossa vontade, enquanto crianças que não se comunicam perfeitamente não possuem esta alternativa. Sob esse ponto de vista pode parecer comprensível, que ao ser interrompido bruscamente de algo que lhe estava proporcionando prazer, a criança que não tem ainda a capacidade de argumentar à seu favor tenha um ataque de raiva e tente se defender com violência. Quem aqui ainda não foi alvo de algum objeto voador? 


Outro fato científico sobre crianças nesta idade: o lobo frontal ainda não está totalmente desenvolvido. Dessa forma, funções atribuídas a esta parte do cérebro como planejamento, raciocínio lógico, memória operacional e auto-controle, ainda não estão totalmente operantes no seu monstrinho. Com o lobo frontal funcionando parcialmente, crianças desta idade vivem absolutamente no aqui e agora. Não existe uma vozinha na cabeça deles dizendo "humm.. talvez seja melhor eu não jogar meu ursinho favorito na privada já que na semana passada ele ficou todo molhado". Alice Lieberman explica que é também por essa razão que as crianças têm dificuldade em ser pacientes e confundem querer com precisar. 
A psicologa Claire Koop, co-autora do livro Socioemotional Development in the Toddler Years, aponta a importância das experiências acumuladas durante a vida na hora em que temos que enfrentar desafios: "Crianças tão novinhas simplesmente não possuem uma bagagem vasta de experiências para empregar nos momentos de dificuldade."
Harvey Karp, pediatra e autor dos livros The Happiest Baby on the Block e The Happiest Toddler on the Block compara crianças entre 1,5 e 3 anos à pequenos homens da caverna. Sem nenhuma intenção de ofender nossos filhos, ele acredita que a comparação ajuda os pais a entenderem os filhos. "São necessários anos para socializar crianças. Os pais devem dar uma colher de chá para os filhos". Karp usa a analogia do homem das cavernas para apontar outro problema envolvendo os pequenos: eles são muito pouco estimulados. "Imagina como viviam os verdadeiros pequenos homens da caverna no passado? Um ambiente cheio de sensações: cheiros, ar puro, sombras, pássaros, grama sob os pés... Nós deixamos nossos filhos a maior parte do tempo entre 4 paredes e acreditamos que isso é normal." E completa: "É difícil passar um dia inteiro com uma criança de dois anos, mas eles também não querem passar o dia inteiro com você."


E agora que está tudo explicado, a pergunta de um milhão de dólares: o que fazer na hora dos ataques? Conforme os especialistas acima explicaram, quando seu filho está tendo um ataque daqueles, ele está passando por um turbilhão de emoções com as quais ele não sabe lidar. Não se afaste dele. Ofereça conforto na medida do possível. Mas não ceda às suas vontades só porque ele esta chorando. Do contrário, ele vai aprender que pode conseguir muita coisa chorando e esperneando. E aí a coisa fica mesmo preta.

Fonte: Tudo sobre minha mãe