Este blog é dedicado à minha fonte de inspiração - minha filha, Sarah Emanuelle.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Uma visão mamífera da chupeta

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Artigo pesquisado no portal da maternidade ativa: Vila Mamífera

Por: Mamífera Convidada – Fabíola Cassab


“Fá, vamos dar a chupeta, é melhor dar chupeta do que deixá-la chupar o dedo!”

Esta foi à sugestão do meu marido, depois de 3 dias em casa, com uma bebê que não parava de chorar e uma mãe com o bico rachado rezando por um minuto a mais de descanso – eu estava a beira de um ataque.

Não tínhamos comprado nenhuma chupeta para ela porque sempre achei que a chupeta era um “objeto” de total inutilidade. Mas diante de toda esta situação, lá foi meu marido a uma dessas mega lojas de bebê para comprar o utensílio.

Como é muito corriqueiro em bebês novinhos, Paola não aceitou a chupeta em um primeiro momento, mas insistimos com a famosa mão segurando a chupeta, até que finalmente ela atendeu aos meus anseios. E “puft” meu bebê passou a usar chupeta. Afinal, a boca é a porta de entrada de muitos prazeres, do feto ao mais experiente dos seres humanos. Paola aprenderia a sentir prazer com a chupeta e eu, sua mãe, totalmente desesperada, ganharia mais uns minutinhos entre o início e o final das mamadas.

Bem neste período passávamos por enormes problemas de amamentação. Além do peito rachado, Paola não engordava e iniciávamos a via sacra de inúmeros pediatras e complementos da mamada.

Engraçado que, em nenhum momento pensei em tirar a chupeta. Pelo contrário, a chupeta passou a ser usada como minha aliada. Sinto hoje que muitas informações não estavam claramente expostas a mim. Eu jamais deveria ter dado a chupeta para minha filha com os meus peitos rachados. Pois, se os peitos estão machucados, na grande maioria das vezes é por problema de pega.

E como bebês novinhos ainda estão aprendendo a mamar, quando eu incluo o bico artificial da chupeta acabo atrapalhando ainda mais o problema. Desta forma dificultei o aprendizado da minha filha.

Um outro porém era o momento que eu dava esta chupeta. Sempre dava a chupeta no final das mamadas, quando a Paola sugava um pouco e parava e sugava de novo e parava. A minha visão daquele momento era: minha filha estava chupetando. E chupetar em nossa sociedade era um mal costume que precisaria ser tirado. Mas eu estava muito mal informada, esse “chupetar” era a mais valiosa mamada, era a mamada “perfeita”. Era o momento em que a Paola mamaria o leite gordo.

Esse é um dos motivos que fazem os bebês que chupam chupetas mamarem menos: na realidade eles mamam mais o leite magro, que mata a sede e faz crescer, do que o leite gordo que, logicamente é o leite que engorda.

Superamos vários de nossos problemas de amamentação e permanecemos com a chupeta, usada principalmente em dois momentos: para ela largar o peito e dormir e à noite para ela não chorar.

Nenhuma mãe gosta de ver seu filho chorar e, lógico, eu não sou diferente. Engraçado, porque deveríamos ter uma maior tolerância a este choro. Afinal, o choro é uma forma de comunicação. Aliás uma das únicas formas de comunicação de que dispõe uma criança que não fala ainda. E aqui em casa a chupeta era, sim, uma forma de calar violentamente minha filha. Pensei muitas vezes em tirar a chupeta, mas era vencida sempre pelo medo de ficar sem ela.

Meu discurso que no início era radicalmente contra a chupeta foi se abrandando até o momento em que eu procurava argumentos para defender o uso da chupeta e ainda justificar que não faria mal, pois toda mãe sempre deve procurar o que há de melhor para seu filho.

Em maio de 2006, tive a oportunidade de ajudar a fundar a Matrice, um grupo de mães que ajudam outras mães a amamentar. A partir daquele momento virei oficialmente ativista da amamentação. Em agosto de 2007 fui convidada a fazer um curso da IBFAN, para também integrar esta ONG.

Como eu tirei a chupeta? Quando a Ana Julia, uma super pediatra, deu uma introdução de manejo de aleitamento. Foi nesta aula maravilhosa da Ana Ju que me deparei frente a frente com informações que me fizeram tirar a chupeta da Paola.

E, olha, eu já tinha feito outros cursos de amamentação mas nenhum atingiu tanto minha alma como este. A Paola já tinha 2 anos e meio, e troquei a chupeta pela bicicleta.
Sim, eu estava tão certa que tiraria a chupeta que não encontrei grandes resistências da Paola. Pelo contrário, foi mais fácil do que eu imaginara. À noite ela reclamou um pouco e na outra, para então nunca mais. A noite que ela reclamou, fomos lá no quarto dela, demos beijinhos e ela voltou a dormir, sem maiores problemas.

Dias depois de ganhar a bicicleta, a Paola veio me pedir de novo pela chupeta. E, para convencê-la a não a voltar à chupeta, mostrei as fotos (aquelas bem horrorosas) que mostram o mal que a chupeta faz à boca de uma pessoa. Ela desistiu na hora!! Fui forte demais? Talvez… mas foi a minha forma. Foram-se as chupetas!!

Com certeza, quando eu tiver um próximo bebê, eu não usaria a chupeta de novo. Pelo menos eu não concebo esta idéia hoje.
Quanto custou a chupeta em casa?
Pois sim, chupetas dão gastos e, acreditem, existe um buraco negro onde elas se escondem. Uma vez dependente deste utensílio, quando esquecemos, perdemos ou algo assim, compramos outra, afinal é impossível ficar sem elas. Fazendo um cálculo por cima de quanto gastamos em chupetas em casa, fica assim:
Tipo 1 (de 0 a 6 meses) – 12 reais cada uma, devo ter tido umas 15 chupetas (total: R$ 180);
Tipo 2 (de 6 meses a 18 meses) – 12 reais cada uma, chegamos a ter 12 chupetas destas (total: R$0 144);
Tipo 3 (de 18 meses em diante) – 12 reais cada uma, chegamos a ter 4 destas quando Paola largou a chupeta, ela não gostava muito destas (total: R$ 48).
Portanto, calculando por cima, gastamos em chupeta R$ 372,00. E aí, o que você faria com esse dinheiro?
Alguns aspectos técnicos que não estão na bula das chupetas:
bico artificial pode interferir no aprendizado de sucção do bebê;
alguns bebês podem desenvolver uma preferência pelo bico artificial;
bebês que chupam chupeta tendem a ser amamentados menos vezes ao dia;
diminuição na sucção e na retirada do leite materno levam à redução de sua produção;
o bebê deixa de respirar pelo nariz, fazendo assim a respiração oral. Esta respiração faz com que o ar não seja filtrado pelos pelos nasais e o ar entra fr
io (pois uma das funções é aquecer o ar) e também não umidece este ar, causando assim todas as “ites” que existem por aí;
confunde o movimento da mamada;
bicos artificiais alteram os padrões de respiração e sucção do bebê (expiração prolongada, freqüência respiratória e saturação de oxigênio reduzidos);
cáries de alimentação em crianças são mais comuns com o uso de mamadeiras e chupetas;
má oclusão dental é mais comum em crianças alimentadas com mamadeira, sendo maior o efeito com o uso prolongado (risco 1,8 vezes maior);
maior incidência de otite média aguda e recorrente, tanto com o uso de mamadeiras quanto de chupetas;
possível aumento na incidência de candidíase oral e de parasitoses intestinais;
uso de materiais potencialmente carcinogênicos (N-nitrosaminas);
possibilidade de sufocação da criança;
mordidas abertas;
o palato (céu da boca) sobe e diminui a passagem de ar pelo nariz;
pode causar apnéia noturna;

CURIOSIDADE:

Nos EUA as chupetas recebem o nome de “pacifiers”, que significa “pacificadores”, ou “ me deixa em paz”. O lactente, no seu primeiro ano de vida, está na fase oral de seu desenvolvimento psicossexual e a amamentação em livre demanda (sem horários) é capaz de suprir por si só esta necessidade de sugar, a chamada sucção não nutritiva.

Moffat (1963) afirmou que o mais comum de todos os hábitos bucais é o da sucção de polegar. “No período do nascimento até dois anos, a sucção é uma ação normal para a sobrevivência dos bebês, necessitando sugar vigorosamente para retirar o leite do peito da mãe, tendo depois da alimentação, ambos os instintos de fome e sucção satisfeito” (in: ENFOQUE, de Gabriela D. de Carvalho).

Por isso, hoje eu acredito que se a mãe tem a informação completa sobre o produto, ela poderá fazer sua opção informada. Aí sim, sua opção será verdadeira.

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